A União Européia (UE) anunciou nesta terça-feira (23) planos de atrair trabalhadores altamente qualificados de países em desenvolvimento, estabelecendo o "Blue Card", programa de visto no estilo do "Green Card" norte-americano. A intenção, segundo anúncio do bloco, é "melhorar a capacidade da UE em atrair e, quando necessário, reter" profissionais estrangeiros como médicos, enfermeiros, engenheiros e trabalhadores em tecnologia de informação para suprir a crescente escassez de especialistas em todo o continente. A medida visa a atrair profissionais da Ásia, da África e da América Latina.

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"Não somos bons o suficiente na atração de pessoas altamente qualificadas", disse o presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Barroso, que junto com o comissário europeu para assuntos de imigração, o italiano Franco Frattini, apresentou o "Blue Card". Segundo Barroso, o plano de visto ofereceria a trabalhadores altamente qualificados uma maneira simples de conseguir um emprego dentro da UE e, se aprovado pelos governos do bloco, eliminaria cerca de 20 diferentes procedimentos nacionais para conseguir permissão de residência e trabalho.

Frattini afirmou que a UE está atualmente bem atrás de outras nações européias e rivais econômicos, como os Estados Unidos, Austrália e Canadá, na atração de trabalhadores qualificados. Ele destacou uma estatística que aponta que trabalhadores altamente qualificados de fora do bloco representam apenas 0,9% de todos os trabalhadores da União Européia, comparados com os 9 9% da Austrália, 7,3% do Canadá e 3,5% dos EUA. "Esses números mostram claramente que, para trabalhadores altamente qualificados, a Europa não é muito atrativa e esta é a razão pela qual decidimos lançar esta proposta que, tenho certeza, vai tornar a União Européia mais atrativa", disse Frattini.

O chefe de assuntos de justiça e de interior da UE vem trabalhando há anos no plano, mas enfrenta oposição de muitos governos europeus que não querem que Bruxelas estabeleça padrões e defina a quantidade de imigrantes que permitem entrar em seus países. Pelo plano, emigrantes poderiam usar uma via rápida de solicitação de visto para uma única permissão de trabalho e residência, que seria válido por dois anos em todo o bloco, podendo ser renovado. Os que conseguissem o "Blue Card" teriam direito a benefícios sociais e trabalhistas desfrutados pelos cidadãos da UE e iriam, depois de um período inicial de dois anos, mudar para outro Estado da UE caso encontre um emprego no país.

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Setores-chave

A Comissão Européia tem pedido uma ação da UE para estabelecer o sistema, argumentando que a população em idade de trabalho vai se reduzir em mais de 50 milhões até 2050, deixando grandes vazios em setores-chave. A UE argumenta também que existe uma necessidade urgente de aumentar o número de imigrantes na união, numa tentativa de conter o impacto do baixo índice de natalidade e envelhecimento da população. Críticos nos países em desenvolvimento denunciam que a iniciativa é altamente injusta, pois priva sociedades estruturalmente carentes dos profissionais com os quais despendem imensos esforços e recursos para formar.

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