UNE pega carona e apóia o governo

Brasília – Na última terça-feira, caras-pintadas ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE) fizeram uma manifestação na Esplanada dos Ministérios a favor do governo. A cortesia tem sido recíproca. No dia 6, após uma longa costura política, um Boeing 707 da Força Aérea Brasileira foi usado para transportar 140 estudantes de São Paulo para Caracas, na Venezuela.

Os caras-pintadas voltaram a São Paulo no mesmo avião, o KC 137, no dia 16. O dia do retorno coincidiu com a manifestação, antes de os estudantes serem recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. O grupo foi a Caracas participar do 16.º Festival Mundial da Juventude, uma jornada de palestras, debates e recitais de poesia.

O governo não informou o custo da viagem. Mas, se tivessem que recorrer à aviação comercial, os estudantes seriam obrigados a desembolsar algo em torno de R$ 318.700. Este é o valor cobrado por 140 passagens promocionais de ida-e-volta de São Paulo a Caracas, segundo cálculos feitos com base em preços apresentados no site da Varig, na sexta-feira à noite. Cada passagem de ida e volta custaria R$ 2.276,43.

A direção da UNE protocolou o pedido de carona em 13 de julho. Depois de uma negociação que começou com o secretário Nacional de Juventude, Beto Cury, e passou pelo Planalto, alguns organizadores da caravana foram tratar do assunto diretamente com o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar. Ele repassou o pleito ao Comando da Aeronáutica e, em menos de um mês, a questão estava resolvida e o transporte, garantido.

"Quem conseguiu o avião foi o Comitê Nacional Preparatório para o Festival, com a interlocução do vice-presidente", afirmou o presidente da UNE, Gustavo Petta. A cúpula da Aeronáutica não viu problema em ceder o Boeing. Um dos oficiais do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CeComSAer) argumenta que os estudantes viajaram num cargueiro do Correio Aéreo. As viagens internacionais do Correio foram reiniciadas ano passado, como incentivo ao intercâmbio entre o Brasil e as capitais da América do Sul. Pela nova programação, a FAB deve fazer pelo menos uma viagem a uma das capitais vizinhas por mês. As rotas são estabelecidas a partir da demanda. "O pedido seguiu o trâmite normal. Como houve disponibilidade, atendemos. Não teve custo extra", disse um oficial do CeComSAer. Petta, que também foi a Caracas, considera natural a cessão do avião. Na comitiva estavam representantes da UNE, da Central Única dos Trabalhadores, do movimento negro e de outros movimentos sociais. "Tinha jovens de todos os partidos, do PSDB ao PSOL", justifica Petta.

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