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Manifestações populares foram
decisivas para afastar o
ex-presidente Fernando Collor.

Brasília – A UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) farão uma manifestação em Brasília, dia 16 de agosto, para exigir a apuração dos casos de corrupção e a reforma no sistema político. Os organizadores esperam reunir cerca de dez mil pessoas no ato, que será realizado em conjunto com a Coordenação dos Movimentos Sociais – fórum de entidades populares, do qual fazem parte, além das entidades estudantis, CUT, MST, Conam, Pastoral da Terra, entre outras.

Nos próximos dias, o movimento estudantil divulgará um calendário de manifestações nas principais capitais do País. Treze anos depois, os caras-pintadas preparam a volta às ruas para protestar contra a corrupção, exigir uma reforma política e manifestar sua revolta e frustração com o governo. Mas dessa vez, as passeatas não terão o impeachment como palavra de ordem. Muito menos "Fora Lula". Ao menos, nesse primeiro momento, e no que depender das principais entidades de representação estudantil.

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Segundo o presidente da UNE, Gustavo Petta, apesar das comparações com o período Collor, os momentos são diferentes e as diferenças são grandes. "O governo Lula não está atendendo todas as expectativas do movimento estudantil, mas tem uma agenda de reforma universitária que apoiamos e entendemos que as acusações ainda não atingiram diretamente o presidente", afirma.

Ele afirma também que o bordão "Fora Collor" foi adotado antes mesmo das denúncias de corrupção que levaram ao impeachment do ex-presidente. "O Collor tinha um projeto de privatização das universidades públicas e começamos a gritar "Fora Collor" um ano antes, em 1991." O presidente da Ubes, Marcelo Gavião, afirma que o movimento estudantil acompanha com atenção os desdobramentos das investigações, mas acredita ser precipitada qualquer tentativa de responsabilização do presidente. "Vemos com naturalidade as tentativas de comparação do momento atual com o período que antecedeu a queda de Collor, mas até agora não há nada que comprove a participação do presidente Lula", sustenta. "Não seremos tropa de choque daqueles que querem simplesmente desestabilizar o governo."

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A UNE, que no começo do ano realizou atos em defesa do projeto de reforma universitária do governo e que vive pela primeira vez uma situação de aproximação com o governo Lula, descarta, no entanto, usar as próximas manifestações para sair em defesa do presidente Lula, como sugerem algumas entidades sindicais. "A manifestação não é de apoio ao governo. Não vai ter "Fora Lula", mas também não vai ter "Fica Lula", afirma Petta. "Será contra a corrupção e pela exigência de uma efetiva reforma no sistema político, como forma de inibir a ação dos corruptos e também dos corruptores."

Segundo ele, todos que cometeram crimes, independentemente do partido ou da posição que ocupam, devem ser punidos exemplarmente.