São Paulo – A 11.ª Reunião Quadrienal da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que acontece em São Paulo, é palco de negociações difíceis. O chamado G-77, que na realidade reúne 132 países em desenvolvimento, começou ontem as discussões para tentar eliminar tarifas e outros obstáculos ao comércio entre eles, com o objetivo de ampliar sua participação no comércio global. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, chegou ontem a São Paulo, para a reunião.
Mas as negociações que devem exigir esforço maior são paralelas ao evento. O comissário europeu de Comércio, Pascal Lamy, e representantes do Mercosul buscam avançar na negociação de um acordo de livre comércio, esperado para outubro. O representante dos Estados Unidos para o Comércio, Roberto Zoellick, tem encontro marcado com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, depois de o Brasil participar de um encontro do G-20, grupo de países agrícolas.
Eles querem fechar um acordo até julho para relançar as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC), que foram paralisadas. Em setembro do ano passado, não houve acordo na reunião ministerial dos 147 integrantes da OMC em Cancún, no México. Mas a situação de paralisia começou a mudar no mês passado, quando a Europa concordou em princípio abolir subsídios de exportação em produtos agrícolas – apontados como fonte de prejuízo para produtores em países pobres – e desistiu de exigências controversas por novas regras globais em investimento, competição e compras governamentais.
Os EUA já deram sinais de que estão prontos para acabar com seus subsídios à exportação, muito menores que os da Europa, e com créditos a exportações que desequilibram as condições de comércio. Mas tanto Washington quanto Bruxelas afirmaram que as concessões dependem de os países pobres abrirem seus mercados. Muitos analistas apontam, porém, que será difícil fechar acordos comerciais importantes com os EUA este ano, pois poderiam dificultar a campanha de reeleição do presidente americano George W. Bush.