Brasília – A exploração da única lanchonete do Senado é um negócio que passa de pai para filho. Edivaldo Santos de Brito herdou a concessão com a morte do pai, que há décadas explorava o serviço, e escolheu como sócio Raíldo Amaral, que dá expediente ali há 21 anos. A partir de amanhã, Raíldo poderá perder a fonte de renda. Duas semanas antes de vir a público o escândalo envolvendo o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, e o dono de um dos restaurantes da Casa, o Senado lançou edital para renovar a concessão da lanchonete. Raíldo não tem esperanças. Pela primeira vez, a direção da Casa decidiu fazer exigências contratuais que ele não pode cumprir, como a obrigatoriedade de apresentação do registro no Conselho Regional de Nutrição.
Segundo Raíldo, a última licitação da qual participou é de 1992. O contrato poderia durar seis anos, com renovação anual. Mas eles foram ficando. Desde 1997, por decisão do então presidente, senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), Raíldo paga aluguel de R$ 411,27. O Senado pede R$ 511,06 no edital de licitação pela exploração de 22 metros quadrados em que não existe sequer uma pia.
"Montei tudo que está aqui. Nunca se preocuparam com nada. As condições são difíceis. Não tem espaço ou pia. Se não continuar, vou recomeçar do zero", lamenta Raíldo. E avisa aos interessados em ocupar seu lugar: "Ano que vem é ano de eleição. Só vai ter movimento mesmo durante seis meses".