Um a cada três gays assume sua sexualidade diferente da hetero antes dos 15 anos, segundo pesquisa realizada pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo durante a Parada LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
De acordo com a pasta, foram ouvidas 211 pessoas entre 10 e 24 anos que participaram do evento, em junho do ano passado. Do total, 31,3% disseram ter assumido a sexualidade diferente da hetero entre os 10 e os 14 anos, 62,8% entre 15 e 19 anos e apenas 5,9% após os 20 anos. O estudo mostrou ainda que 71,1% dos entrevistados tinham assumido sua sexualidade diferente da hetero para a mãe. Os que contaram para o pai representaram 56,8% do total.
Entre as pessoas do sexo masculino, 42% responderam que haviam se relacionado sexualmente com mais de 10 parceiros e 19,4%, com cinco a nove parceiros. Já entre as mulheres, 35% informaram terem tido relacionamento com mais de 10 parceiros e 30%, com cinco a nove parceiros.
Metade das pessoas ouvidas relatou ser vítima de preconceito, discriminação ou falta de respeito nos serviços de saúde. Alegaram falta de atenção, descaso ou desinteresse no atendimento 9,95%. Entre os entrevistados do sexo feminino, 61,6% vão ao médico preventivamente e, entre os do sexo masculino, 52,2%.
“A rede de saúde precisa acolher esses adolescentes e não inibi-los, pois a vulnerabilidade pode fazer com que o jovem adote comportamentos de risco. O acompanhamento médico adequado dos jovens deste grupo pode evitar o surgimento ou agravamento de problemas de saúde”, afirma a coordenadora de Saúde do Adolescente da secretaria, Albertina Duarte Takiuti.
Programa específico
Ainda segundo a pasta, um programa específico está sendo desenvolvido para atendimento de adolescentes LGBTT em todo o Estado. Em novembro foi realizada uma grande capacitação para cerca de 800 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, psicólogos e dentistas, que trabalham em serviços de saúde voltados a jovens.
O objetivo da iniciativa é preparar a rede para abordar o adolescente de forma que ele não se sinta discriminado, para que fique à vontade para falar sobre sua conduta sexual ou afetiva, deixando de lado medos e vulnerabilidades que possam levá-lo a comportamentos de riscos à saúde, como o sexo sem preservativo ou abuso de drogas e álcool, por exemplo.
Por conta desse programa, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) convidou a secretaria para colaborar na elaboração de diretrizes que irão nortear o atendimento em saúde de adolescentes e jovens em toda a América Latina.