Genebra (AE) – Preocupados com o fluxo cada vez maior de latino-americanos chegando nos aeroportos de cidades da Espanha, Portugal, Inglaterra ou Itália, a União Européia (UE) planeja incrementar a ajuda econômica à região para tentar frear o volume de imigrantes que todos os dias chegam ao Velho Continente. A questão será tratada na Cúpula Ibero-Americana, que ocorre neste fim de semana no Uruguai; e Bruxelas deixa claro que o Brasil precisa ter um papel de ?estabilizador? na América Latina. ?Nossa avaliação é de que temos que ajudar os países latino-americanos a gerarem uma melhor condição de vida para seus cidadãos, para que não sejam obrigados a deixar seus países em direção a outras regiões do mundo?, afirmou um representante da chefe da diplomacia européia, a comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner.
Entre 1994 e 1999, o bloco destinou 2,4 bilhões de euros em ajuda à região. Entre 2000 e 2006, o volume chegou a cerca de 25 milhões de euros para cada um dos 34 país por ano. Para o período que começará em 2007, a perspectiva é de que o volume de recursos volte a aumentar. ?Essas pessoas deixam a região por razões econômicas e acreditamos que, se houver um desenvolvimento social nesses países, o fluxo de imigrantes também seria reduzido?, afirmou um representante de Benita Ferrero-Waldner, que representará a Europa na Cúpula em Montevidéu.
A União Européia garante que isso não significa que não aceitará a entrada de latino-americanos nos próximos anos. ?Queremos que esse fluxo seja ordenado?, afirmou um diplomata. Nas últimas semanas, países como a Espanha recorreram à UE para pedir recursos para lidar com imigração cada vez maior. Um dos problemas são as barcas que chegam todos os dias na costa de ilhas espanholas nas proximidades do continente africano. Dados extra-oficiais apontam que, em 2006, cerca de 15 mil bolivianos têm conseguido entrar na Espanha por mês. Em 2005, a Espanha seria residência para meio milhão de equatorianos e, neste ano, 360 mil colombianos estariam vivendo nas cidades espanholas.
Durante sua passagem pelo Uruguai, a comissária européia se reunirá com o chanceler Celso Amorim. ?Um dos pontos que trataremos é o papel e a responsabilidade do Brasil na região?, afirmou o gabinete da representante européia, que tem status de ministro. Na avaliação da Europa, o Brasil teria uma ?função estabilizadora? na América do Sul e precisa manter esse papel. ?Vamos debater como achamos que o Brasil pode ajudar nesse processo e diante desse fenômeno da imigração crescente?, concluiu o representante de Benita Ferrero-Waldner.
?Guerra da Celulose? centraliza cúpula
Montevidéu (AE) – A XVI Cúpula Ibero-americana de chefes de Estado e de governo, que começa hoje, já está sendo embalada por uma intensa polêmica entre o país anfitrião, o Uruguai, e seu vizinho, a Argentina.
O foco original da cúpula – a migração de grandes massas de pessoas dos países menos desenvolvidos para os mais desenvolvidos – está sendo deslocado pela atenção que está sendo gerada pela ?Guerra da Celulose?, denominação do conflito que há mais de um ano confronta os dois países, cujo pivô é a construção de fábricas de celulose do lado uruguaio da fronteira, sobre o rio Uruguai.
Segurança máxima na capital uruguaia
Buenos Aires (AE) – Desde o fim da última ditadura militar (1973-85) a capital uruguaia nunca havia tido um esquema de segurança tão forte como o que foi preparado para a Cúpula Ibero-americana. A cidade está ?blindada?, para evitar eventuais manifestações de ecologistas argentinos e ataques terroristas de fundamentalistas muçulmanos. O governo do presidente Tabaré Vázquez está preocupado principalmente pela segurança do rei Juan Carlos I da Espanha, o irmão de Fidel Castro, Raúl Castro; e o presidente Hugo Chávez.
Castro teme ser assassinado por grupos de cubanos exilados em Miami que querem acabar com o regime socialista na ilha. No caso de Chávez, o presidente venezuelano vai a qualquer lado acompanhado de dezenas de robustos guarda-costas e agentes de inteligência, além de mais de uma centena de homens das forças de segurança.
O esquema de segurança inclui mais de 4 mil policiais, 30 aviões, cinco navios de guerra, 20 cachorros amestrados, 50 cavalos e um radar tridimensional para vigiar o espaço aéreo.
