Foto: Agência Brasil |
Professor Luizinho: patrimônio foi de R$ 233 mil para R$ 797 mil. |
A evolução do patrimônio dos 11 deputados federais investigados no escândalo do mensalão que disputarão a reeleição mostra que dos quatro que conseguiram aumentar em mais de 100% seus bens nos últimos quatro anos, três são do PT. Os quatro que lideram a lista de evolução patrimonial entre 2002 e 2006 são Paulo Rocha (PT-PA), Vadão Gomes (PP-SP), Professor Luizinho (PT-SP) e José Mentor (PT-SP). Os dados constam das declarações de bens ao Tribunal Superior Eleitoral.
Os deputados foram absolvidos nos processos de cassação do Conselho de Ética da Câmara – Rocha renunciou. Apenas Luizinho figura como um dos 40 denunciados pela Procuradoria Geral da República por conta do mensalão. Paulo Rocha lidera disparado a lista. Ele aumentou seu patrimônio em 1.153%. Em 2002, declarou ao Tribunal Regional Eleitoral como único patrimônio uma picape F-1000 avaliada em R$ 11,7 mil. Novamente candidato, agora possui também um Eco Sport, consórcio para compra de uma casa e duas contas bancárias – totalizando R$ 146 mil.
Apontado pela CPMI dos Correios como beneficiário de R$ 400 mil do valerioduto, Rocha nega qualquer problema em seu patrimônio. O segundo da lista é Vadão Gomes, acusado pelo próprio Marcos Valério de ter recebido R$ 3,7 milhões do valerioduto. Na eleição de 2002, declarou à Justiça Eleitoral paulista patrimônio de R$ 7,1 milhões. Quatro anos depois, o patrimônio de Vadão é de R$ 35,6 milhões, equivalente a crescimento de 401,1% em quatro anos.
Proprietário de um dos maiores frigoríficos do País, de transportadora, rádios e propriedades rurais, entre outros bens – 74 ao todo -, o deputado atribui o crescimento patrimonial ao resultado de seus negócios, anteriores ao mandato.
O patrimônio de Professor Luizinho cresceu de R$ 233 mil, em 2002, para R$ 797 mil em quatro anos – o equivalente a 241,5%. Ele entrou na lista de processados pelo Conselho de Ética após um assessor receber R$ 20 mil de Valério. O deputado atribuiu o crescimento patrimonial à regularização dos valores declarados dos imóveis.
O terceiro petista que mais enriqueceu no período é o ex-relator da CPI do Banestado José Mentor. Seu patrimônio foi de R$ 489 mil em 2002 para R$ 1,4 milhão – 190%. Advogado com escritório há 26 anos, diz que a evolução é fruto dos rendimentos de seu trabalho.
Josias Gomes (PT-BA) informou não possuir bens em 2002. Hoje tem R$ 40 mil em patrimônio – um Siena ELX 2003 e um fundo de aposentadoria. Romeu Queiroz (PTB-MG) apresentou, em 2002, 23 bens, sem especificar o valor. Na nova declaração, listou 39 bens, totalizando R$ 6,5 milhões.
O deputado João Magno (PT-MG) foi o único dos 11 candidatos confirmados, entre os deputados suspeitos de envolvimento no mensalão e que agora pretendem disputar a reeleição, a afirmar que empobreceu. Em 2002 possuía R$ 135 mil em bens; agora, declarou ter R$ 114 mil de patrimônio. Entre os deputados que tiveram crescimento patrimonial, mas sem dobrá-lo, estão Sandro Mabel (PL-GO), 32%, João Paulo Cunha (PT-SP), 24%, Pedro Henry (PP-MT), 18%, e Valdemar Costa Neto (PL-SP), 1%. O deputado José Borba (PMDB-PR) – que tenta concorrer, mas enfrenta resistência do partido – não foi incluído no levantamento, pois seus dados ainda não estavam disponíveis no TSE.
O deputado Paulo Rocha, que lidera a lista de crescimento patrimonial, disse não há problema com seus bens e que os valores declarados ao Tribunal Superior Eleitoral não podem ser considerados integralmente. Ele sustenta que ainda mora em casa alugada e pagou apenas 30 das 180 parcelas de um consórcio de R$ 42 mil para compra de uma casa.
O deputado Professor Luizinho também afirmou que pode justificar sua evolução patrimonial. Segundo ele, seus dois imóveis que constavam na primeira declaração com valores históricos (R$ 95 mil e R$ 75 mil) passaram a ser declarados pelo valor venal (R$ 250 mil e R$ 220 mil), inflando o valor do patrimônio sem que tenha havido aumento de fato. "Não queria ser acusado de subvalorizar meus imóveis e decidir acertar o valor", disse Luizinho. "Não há nada em minha conta. Fui absolvido na Câmara e tenho convicção que serei inocentado na Justiça."
José Mentor sustentou que seu crescimento patrimonial é compatível com seus rendimentos como parlamentar e advogado que atua há 26 anos.