Presença do presidente causou tumulto
no velório do ex-governador Brizola.

Rio – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou às 13h e ficou por apenas cinco minutos com a família de Brizola, no salão nobre do palácio, no velório do ex-governador fluminense e gaúcho que morreu na noite de anteontem. A chegada de Lula causou muita confusão. O presidente foi recebido com vaias e gritos de traidor pelos admiradores de Brizola, que gritavam também o nome do presidente nacional do PDT. Junto aos gritos de traidor, os brizolistas cantavam para o presidente Lula versos de um sucesso de Beth Carvalho: “você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”.

A segurança teve trabalho para conter a multidão e houve empurra-empurra. O cerimonial do Palácio Guanabara pediu calma às pessoas e a imprensa teve muita dificuldade para fazer imagens da chegada de Lula. A escada onde os fotógrafos se equilibravam chegou a cair na confusão. O presidente Lula decretou luto oficial de três dias no País. Brizola e Lula foram adversários e, também, aliados. Na campanha presidencial de 1989, Lula recebeu apoio de Brizola contra Fernando Collor no segundo turno, assim como em 2002, contra José Serra. Em 1998, os dois foram companheiros de chapa contra Fernando Henrique Cardoso: Lula como candidato a presidente e Brizola a vice.

No velório, muitos admiradores de Brizola choraram, inclusive jovens, e usaram lenços vermelhos no pescoço, em alusão ao movimento gaúcho dos maragatos, que o pedetista, ao longo de sua carreira política, nunca abandonou. Uma bandeira do PDT foi pendurada na sacada do palácio. As homenagens ao ex-governador do Rio começaram já na madrugada de ontem, logo após o corpo do presidente nacional do PDT ter sido levado do Hospital São Lucas, em Copacabana, ao salão nobre do Palácio Guanabara, em Laranjeiras.

Dezenas de pessoas acompanharam o carro que transportava o caixão em cortejo a pé pelas ruas de Copacabana. Elas cantaram o Hino da Independência do Brasil e saudaram o líder trabalhista: “Brizola, guerreiro do povo brasileiro”. Apesar de passarem a noite em vigília, os admiradores de Brizola só puderam chegar perto do caixão do político por volta das 7h50m, quando o velório foi aberto ao público. O caixão com o corpo do político chegou ao Palácio Guanabara coberto com as bandeiras do Brasil, do Estado do Rio e do PDT e foi aplaudido pelos populares.

Durante todo o dia de ontem, políticos e admiradores do ex-governador Leonel Brizola foram se despedir do líder. Entre eles, governadores, ex-governadores, ministros e deputados. Brizola morreu após uma parada cardiorrespiratória, aos 82 anos.

Brizola vai para a terra de Getúlio

Porto Alegre – O governo gaúcho concluiu os detalhes do cortejo que conduzirá o corpo de Leonel Brizola do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, até o Palácio Piratini. A chegada do corpo deverá ocorrer no início da tarde de hoje, sendo recebido pelo vice-governador Antônio Hohlfeldt. O governador Germano Rigotto está na China. O caixão será conduzido em um caminhão aberto do Corpo de Bombeiros, com batedores da Brigada Militar, 30 homens da Polícia Montada e cavalarianos do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), até o Palácio Piratini. Toda a área próxima ao Palácio Piratini e Assembléia Legislativa foi isolada. Na quinta-feira, às 8h, quando o corpo de Leonel Brizola deixar o Palácio Piratini, serão prestadas homenagens com a execução do Hino do Rio Grande do Sul e a Marcha Fúnebre pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.

O corpo será trasladado para São Borja, onde será velado na Igreja Matriz de São Francisco de Borja. O sepultamento está marcado para as 16h no jazigo da família, no Cemitério Jardim da Paz, onde estão enterrados a esposa Neuza Brizola e os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart.

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