São Paulo – A campanha do senador José Serra (PSDB) à Presidência da República vive sua pior crise. Não bastasse o risco de vitória do PT no primeiro turno da corrida presidencial, o tucano tem o candidato do PSB, Anthony Garotinho, em sua cola e um prazo curtíssimo – apenas 12 dias – para tentar reverter o quadro que o apresenta estacionado na faixa dos 19% da preferência do eleitorado. Diante deste cenário, estrategistas do PSDB e do PMDB confessam-se meio perdidos. A única certeza, por ora, é que o programa eleitoral do tucano não deve mais bater pesado no PT como vinha fazendo.

José Serra passou o dia de ontem em conversas com marqueteiros e assessores mais próximos, reajustando o tom e regravando algumas passagens do programa que vai ao ar hoje. O recado de que a maioria do eleitorado reprova os ataques mais pesados ao PT veio ainda na noite de sábado, quando, por determinação judicial, a campanha de Serra tirou do ar todas as cenas contra o PT. O rastreamento telefônico feito pela equipe de marketing identificou que o programa foi muito bem avaliado, o que já não vinha ocorrendo.

O cientista político Antônio Lavareda, um dos estrategistas da campanha de Serra, tem deixado claro que a tática dos ataques, embora inevitável, impunha riscos à candidatura tucana. O risco, apontado por Lavareda e comprovado pelo Datafolha, chama-se Garotinho. Foi ele quem capitalizou a pancadaria. Enquanto a popularidade de Serra despenca nas grandes metrópoles, o candidato do PSB ganha votos.

O retrato da crise na campanha da aliança PSDB-PMDB, com expressões de desolação em alguns casos, é exposto pelos aliados. “Eu já estou para ficar doido com essas pesquisas e não sei mais de nada”, admitia ontem o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), confuso entre os resultados do Ibope da semana passada, que mostrou Lula em queda de 2 pontos percentuais e o Datafolha de domingo, que registrou alta do petista de 4 pontos. “Temos que fazer campanha; não vou mais olhar pesquisa”, sentencia Geddel.

No ninho tucano, enquanto o candidato discute em São Paulo o que fazer daqui para frente, seus auxiliares esforçam-se em manter o ânimo, mas ficam claras as divergências sobre o rumo da campanha. “A idéia é tocar nossa campanha com todos os agentes políticos e a militância nas ruas, pedindo voto. E quanto mais propostas e conteúdo apresentarmos na televisão, melhor”, completa o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA).

Mas, apesar de o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ter subido nas pesquisas quando era o alvo da pancadaria do PSDB, a estratégia ainda é defendida por alguns setores do tucanato.

Ciro apela: não votem em Lula

São Paulo

– O candidato da Frente Trabalhista a presidente, Ciro Gomes (PPS), pediu ontem, durante discurso em São Paulo, para que os eleitores brasileiros “não façam votos de protesto contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 6 de outubro, tendo como opção o petista Luiz Inácio Lula da Silva (candidato da Coligação Lula Presidente)”. “Eu entendo que o voto seja de protesto, de revolta, mas, no dia seguinte, haverá um Brasil para governar”, afirmou, em cima de um carro de som, onde discursou para cerca de mil eleitores, segundo a Polícia Militar, em frente ao Teatro Municipal.

Ciro manifestou, novamente, que Lula é um homem “honesto, bem-intencionado, mas inexperiente” para administrar o País. Ciro voltou a criticar o governo FHC e a proposta do candidato da Grande Aliança, José Serra (PSDB-PMDB), de criação de 8 milhões de empregos. “Essa é uma fala de um prepotente que não conhece a humilhação, a privação e sofrimento de um homem desempregado e que não consegue arrumar emprego”, acusou.

No discurso, Ciro chamou de novo de “prepotentes” e “preconceituosos” os questionamentos apresentados na publicidade eleitoral gratuita de Serra que dão conta de que o candidato da Coligação Lula Presidente não poderia governar o Brasil por não ter diploma . “Condenar o Lula só porque não tinha diploma? De que adianta ter diploma para roubar, insultar e deixar o País de joelhos para a agiotagem internacional?”, indagou.

continua após a publicidade

continua após a publicidade