Belo Horizonte – Os governadores tucanos Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG) enfatizaram ontem que a crise política não está circunscrita ao PT, nem pode ser dissociada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Alckmin, o governo e o PT são definitivamente "indissociáveis". "A crise só aconteceu porque o PT chegou ao governo. E ela é o resultado dessa mistura indevida entre o governo e o partido, o público e o privado. Não há como separar" afirmou.
O governador paulista foi menos contundente quando perguntado se as denúncias atravessarão a blindagem feita na tentativa preservar o presidente. "Não sei", disse. "Eu acho é que temos de acompanhar as investigações. Eu nunca vi uma investigação começar com tantas comprovações". Para Aécio, a crise é do PT e "obviamente atinge o governo federal por ser o partido do presidente da República, por ser o partido que maior presença tem no governo federal".
De acordo com o tucano mineiro, não existe alternativa que não seja a apuração rigorosa dos fatos. "Acredito que para o presidente Lula deve interessar mais do que a qualquer outro brasileiro que essas investigações ocorram sem qualquer limite, com absoluta profundidade".
Aécio voltou a dizer que a crise não atingirá sua administração ao ser questionado sobre as informações de que pessoas ligadas ao PSDB mineiro fizeram saques nas contas das agências do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. É o caso do ex-diretor dos Correios e da Loteria Mineira, Paulo Roberto Menicucci, e do funcionário da Assembléia Legislativa de Minas, Aluísio do Espírito Santo.
Lotado na diretoria-geral da Casa, Aluísio prestava serviços para a presidência, ocupada pelo deputado Mauri Torres (PSDB). "Se alguém tiver de responder, que responda. Mas eu repito: essa crise passará anos-luz do governo do Estado de Minas Gerais", disse. "Não há nada que nos preocupe".
O governador de Minas sugeriu ainda que petistas estariam tentando envolver os tucanos na crise. "Pode ser que haja um interesse equivocado de um ou de outro membro do partido do governo de tentar misturar um pouco as coisas, mas elas não se misturam. É água e óleo. Nós não nos misturamos com essas práticas".
Em nota, o presidente da Assembléia de Minas informou que Aluísio foi afastado de suas atividades até que os fatos sejam esclarecidos.