São Paulo – A convenção paulista do PSDB, realizada ontem em São Paulo, foi marcada por críticas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. Tanto os candidatos à Presidência da República e ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin e José Serra, quanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacaram em seus discursos as denúncias de corrupção do atual governo. A convenção na Assembléia Legislativa de São Paulo, foi marcada por tumulto durante a chegada dos candidatos e do ex-presidente, perto das 13 horas. No percurso dos políticos ao plenário da assembléia, houve empurra-empurra e pessoas chegaram a passar mal. ?A política atual é atrasada porque tem uma visão patrimonialista?, disse Alckmin referindo-se a programas de saúde, educação e de assistência social. ?Mas mentira tem perna curta e esse partido que se dizia progressista é atrasado nos sonhos, nos métodos. Seu maior atraso é de natureza política.? José Serra foi na mesma linha, destacando em seu discurso a falta de coerência do governo Lula em relação aos ideais do passado e ao que vem sendo aplicado atualmente. ?Nunca vendi esperança para entregar ilusões. Nunca mudei de lado, nem de cara. Dizem que tenho cara feia, mal-humorada, mas tenho uma cara só?, enfatizou.
Já Fernando Henrique Cardoso disse que ?o governo atual é marcado pela corrupção, escândalo e por muitos gastos com propaganda?. O ex-presidente ressaltou a promessa de Lula durante a primeira campanha à Presidência, de criar 10 milhões de empregos. Segundo Fernando Henrique, foram criados 4 milhões e, a maioria, na informalidade. Ele ressaltou que a taxa de 10% do desemprego não foi reduzida. ?E na Saúde?? perguntou, respondendo que nada foi feito além de escândalos e desvios. Fernando Henrique ironizou ainda sobre ninguém saber o nome do atual ministro da Saúde, ?nem mesmo o Lula?, referindo-se a José Agenor Álvares da Silva. O ex-presidente comentou ainda que os programas sociais, que apenas aliviam a pobreza, deverão ser mantidos, mas que Alckmin, como presidente, não vai apenas aliviar, mas erradicar a pobreza. ?Chega de garganta. O Lula tem garganta. Sabe falar, mas não sabe fazer?, criticou.
Presidente quer mais três minutos na TV
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalha com a possibilidade de ganhar mais três minutos no seu programa eleitoral no rádio e na TV, pois é quase certo que fará coligação com o PSB e o PC do B. Depois da convenção do PT, anteontem em Brasília, Lula fez apelos aos presidentes dos dois partidos para que apóiem sua candidatura à reeleição. Ouviu deles a garantia de que vão se empenhar para fazer aliança.
Os argumentos do presidente não se limitaram ao tempo do programa eleitoral, que passaria dos seis minutos à tarde e seis à noite para nove em cada inserção. Lula disse aos presidentes do PSB, deputado Eduardo Campos (PE), e do PC do B, Renato Rabelo, que a aliança formal teria um sentido simbólico ao agregar à sua chapa dois partidos da esquerda.
?Espero resolver essa pendência até terça-feira. Estou trabalhando para fazer a coligação?, disse ontem Eduardo Campos. Também trabalham para levar o PSB para os braços do PT os ex-ministros Roberto Amaral e Ciro Gomes. Pediram tempo até amanhã porque ainda existem pequenas questões a resolver. ?O problema é que, quanto mais afunilam, mais os problemas ficam difíceis. Mas acho que vai dar?, disse Campos.
No PC do B há o mesmo empenho pela aliança com Lula. O presidente do partido disse que sua proximidade com o presidente não é momentânea. ?Nosso apoio a Lula é estrutural?, afirmou Renato Rabelo.
PT e PC do B juntos em São Paulo
São Paulo – O PT e o PC do B vão juntos para as eleições ao governo do Estado de São Paulo. O candidato do PT, Aloizio Mercadante, terá como vice na chapa a presidente estadual do PC do B, Nádia Campeão, segundo aprovação da convenção estadual do partido realizada ontem.
O encontro nacional está marcado para a próxima quinta-feira e, pela lei, até sexta todos os partidos têm que estar posicionados.
Críticas
O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, disse, durante a convenção estadual do PC do B, que todos os nomes que têm saído para concorrer com ele ao cargo são da oposição ao PSDB e ao PFL. ?São Paulo está cansado destes dois partidos?, afirmou, citando problemas como a crise de segurança, que, na sua opinião, mostra o fracasso da política prisional.
Mercadante voltou a dizer que dos 12 anos de governo do PSDB em São Paulo (Mário Covas e Geraldo Alckmin), em 10 o Estado apresentou taxas de crescimento inferiores a de outras unidades do País.
Serra não tem vice
São Paulo – O PSDB resolveu, ontem, adiar a decisão sobre o nome do vice na chapa do ex-prefeito de São Paulo José Serra ao governo do Estado. Sem o apoio do PMDB, o partido passou à Executiva da legenda a decisão sobre se homologa um tucano como vice de Serra, ou se deixa a vaga aberta em busca de uma composição mais ampla.
O partido oficializou, ontem, durante a convenção, o nome de Serra como candidato ao governo de São Paulo. O ex-prefeito lidera as pesquisas de intenção de voto no Estado, com chances de uma vitória ainda no primeiro turno.