Tucano acusa petista de evitar eventos para fugir ao debate. |
Rio – O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, e o presidente nacional do partido, José Aníbal, responsabilizaram o PT – o primeiro indiretamente e o segundo diretamente -pelo protesto de “mata-mosquitos” que interrompeu o ato de apoio à candidatura tucana no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. Segundo Serra, as pessoas que fizeram a manifestação – a maioria identificada como ex-funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – são ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que na opinião do presidenciável virou “o braço de uma candidatura”, a do seu rival Luiz Inácio Lula da Silva do PT.
Serra qualificou o protesto – que foi repelido por militantes dos partidos que o apóiam, especialmente do PMDB – como uma provocação. E chegou a compará-lo com as ações que causaram instabilidade e resultaram no Golpe Militar de 1964. “Só me lembro de provocação assim antes de 64, antes do golpe”. José Aníbal, por sua vez, vinculou diretamente o PT à manifestação dos “mata-mosquitos”. “É só mais uma constatação de que eles estão desesperados”.
Serra joga todas fichas em anúncio no domingo
São Paulo – O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, vai fazer neste domingo uma última tentativa de mobilizar seu partidários e evitar que um clima de derrota tome conta da campanha na última semana. Ontem Serra voltou a acusar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de estar fugindo ao debate no segundo turno.
Temendo que as pesquisas de intenção de voto desestimulem seus aliados na reta final da campanha, Serra, usará seu programa eleitoral, na noite de domingo, para mobilizar as forças que o apóiam. A fala de Serra foi gravada e a partir de ontem o programa de rádio do tucano está anunciando que Serra fará um importante pronunciamento na televisão no domingo à noite. Os líderes e dirigentes do PSDB, do PMDB, do PFL e do PPB, que estão a seu lado, estão sendo mobilizados para participar da gravação a ser feita em São Paulo.
As linhas do discurso de Serra já foram discutidas no comando da campanha e pretendem convocar os aliados a não baixarem as armas nos últimos dias antes do segundo turno e a não se impressionarem com os resultados adversos das pesquisas. O tucano mostrará que faltam apenas sete dias para as eleições e que o momento não é de vacilação, mas de pôr o bloco na rua e de arregaçar as mangas. Para estimular seus aliados, o tucano dará exemplos de resultados eleitorais que mudaram de um dia para o outro. Para a equipe que comanda a campanha de Serra o pior que poderia ocorrer na fase final da disputa contra o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, seria deixar que o sentimento de que a eleição está perdida contamine os partidos e políticos que o apóiam.
Os publicitários da campanha de Serra querem reproduzir o mesmo clima de euforia do primeiro programa de Lula no segundo turno. O domingo à noite foi escolhido por causa da maior audiência da televisão e também por iniciar a última semana de campanha. O conteúdo do pronunciamento não se resumirá à mobilizar, mas também terá um viés político. O teor desta fala ainda está sendo analisado, mas deve seguir a linha dos programas do segundo turno. Neles, Serra tem insistido que com ele na Presidência da República não haverá surpresas, pois suas propostas são claras.
Estimular o medo da mudança seguirá sendo um veio importante do programa tucano, mesmo que o depoimento da atriz Regina Duarte tenha sido tirado do ar nos últimos dias. Os estrategistas tucanos avaliam que ao levantarem dúvidas sobre o que seria um governo Lula e sobre as reais posições do petista, poderiam atrair para Serra os indecisos e até mesmo aqueles que votaram sem muita convicção em Lula no primeiro turno.
Ontem Serra esteve no Rio e disse que além de evitar os debates, Lula também está evitando participar de eventos públicos em que o candidato tucano esteja. Em seu discurso na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Serra disse que Lula cancelou, anteontem, dez minutos antes do evento, participação em uma palestra na Câmara de Construção Civil de Belo Horizonte. “O PT tem escapado não só dos debates, mas da comparação. Ele fez isso na CBN, na Câmara de Construção Civil, na Folha de São Paulo, na Record e Bandeirantes”, disse.