Após pressão de transexuais, a Parada do Orgulho Gay de São Paulo mudou o tema deste ano. A 18.ª edição da festa, marcada para o dia 4 de maio, na Avenida Paulista, vai pedir a aprovação do projeto de lei de identidade de gênero que autoriza transexuais a trocar nome, foto e sexo em documentos oficiais sem a necessidade de fazer cirurgia de mudança de sexo, terapia hormonal ou autorização judicial. A Associação da Parada do Orgulho GLBT (Apoglbt) decidiu alterar o tema na noite desta quarta-feira, dia 19, durante reunião da diretoria com transexuais. De acordo com o presidente da entidade, Fernando Quaresma, ficou acordado que o lema será “País vencedor é País sem HomoLesboTransFobia! Chega de Mortes! Criminalização Já! Pela aprovação da Lei de Identidade de Gênero!”.

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No dia 22 do mês passado, cinco diretores da Apoglbt, após período de recebimento de sugestões de tema, haviam escolhido “País vencedor é País sem Homofobia. Chega de Mortes! Criminalização Já!”. A proposta retoma o pedido de aprovação do PLC 122/2006 que pune homofobia. No dia 30, porém, uma petição foi aberta no Avaaz e, até as 14h desta quinta-feira, 20, obteve a assinatura de 6,5 mil internautas em defesa do tema “Eu respeito travestis e transexuais e quero a aprovação do Projeto de Lei João Nery!”. A direção da entidade havia publicado, no dia 11 deste mês, em seu site que o tema não poderia ser alterado. No entanto, a posição foi revista. “O tema não mudou. O tema é o mesmo. Incluímos homolesbotransfobia. Acrescentamos o pedido de aprovação da Lei de Identidade de Gênero”, afirmou Quaresma.

 

A ativista transfeminista Daniela Andrade, de 33 anos, participou da reunião que alterou o lema do evento deste ano. Foi ela quem criou a petição online. “A Parada tem 18 anos e nenhuma edição teve um tema específico para o ‘T’ da sigla LGBT. As transexuais e travestis, certamente, são a população mais vulnerável do ponto de vista socioeconômico. Muito da violência sofrida por ‘trans’ acontece porque não há o reconhecimento legal do Estado brasileiro para essa população.” Para Daniela, a mobilização nas redes sociais levou à mudança. “Foi uma vitória da população trans e de seus aliados”, disse.

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Nome da lei.

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O psicólogo e escritor João Nery, de 64 anos, que deu nome à lei de identidade de gênero, é considerado o primeiro transexual masculino do Brasil. Ele comemorou a decisão da direção da Parada. “Estou felicíssimo. Afinal, lutei para isso”, afirmou. “A mudança do tema da parada dá visibilidade às ‘trans’ e aos ‘trans’ com uma lei que os libertará dos constrangimentos, da doença e das obrigações cirúrgicas e terapêuticas. Dá visibilidade não mais como alegorias da parada, mas como cidadãos que somos”, completou.