O reverso do Airbus A320 da TAM se tornou o grande suspeito de ser o principal vilão da tragédia do vôo 3054 por dois motivos. O primeiro é a trajetória do avião na pista principal de Congonhas, em São Paulo. As filmagens mostram o equipamento em funcionamento pouco antes de o Airbus virar repentinamente à esquerda. O segundo é o histórico do avião. O reverso da turbina direita havia apresentado um defeito, segundo informou a TAM, na sexta-feira. O Airbus voava com ele pinado, ou seja, desativado.
Assim, quando o Airbus pousou, só o reverso esquerdo estava funcionando. Um membro da comissão de investigação do acidente disse ontem ao jornal O Estado de S.Paulo que todo piloto tem capacidade para fechar o reverso aberto e dar potência nas turbinas a fim de arremeter. O problema é o tempo necessário para executar essa manobra incomum. "Não havia tempo hábil", disse o investigador.
A possibilidade de que o reverso esquerdo aberto tenha prejudicado a manobra de arremetida do avião é uma das hipóteses apuradas pela Aeronáutica. Ela pode justificar a curva à esquerda que o avião fez na pista do aeroporto. Para militares e especialistas em vôo ouvidos pelo Estado, é certo que houve uma "assimetria revelada pela maior potência de motor do lado direito e maior arrasto do lado esquerdo" quando o Airbus já estava com o bico no ar, apenas raspando os trens de pouso das asas no solo.
"Uma assimetria provocou esse movimento", disse o especialista em segurança de vôo Roberto Peterka. Para ele, ainda é cedo para saber o que causou a assimetria. Suspeita-se que o avião ganhou mais potência no motor direito do que no esquerdo, o que provocaria a deriva. O reverso é uma hipótese forte como causa dessa assimetria porque ele precisa fechar para a turbina ganhar potência.