Tráfico tentou resgatar Beira-Mar

Brasília

(AE) – Por seis vezes, membros da quadrilha do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar tentaram resgatá-lo da carceragem da Polícia Federal, enquanto esteve preso em Brasília. A revelação foi feita ontem pelo ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, ao defender a permanência de Beira-Mar no Rio de Janeiro, mesmo depois da descoberta de que o traficante, dentro do Presídio Bangu I, continuava negociando, por celular, a compra de drogas e até de um míssil usado por terroristas.

A posição do governo contraria a intenção do secretário de Segurança do RJ, Roberto Aguiar, de transferir o traficante para Brasília sob o argumento de que as principais bases criminosas concentram-se no Rio. O ideal, diz Aguiar, seria espalhar os criminosos pelo Brasil.O secretário de Segurança de Brasília, Athos Faria, não concorda em receber de volta o traficante. Faria diz que a capital federal não tem condições de abrigar bandidos de alta periculosidade, por ser a sede do Poder e abrigar inúmeras embaixadas.

Para o secretário Nacional de Segurança Pública, Cláudio Tucci, seria um atestado de falência do Estado se o Rio de Janeiro não conseguisse manter Beira-Mar com segurança adequada. “Querem que Beira-Mar fique no Rio, tudo bem, mas é irresponsabilidade deixá-lo sem uma cobertura forte”, advertiu Aguiar, aproveitando para reivindicar mais equipamentos eletrônicos e investimentos que melhorem a vigilância.

Fernandinho Beira Mar acabou sendo o centro das atenções na reunião de ontem entre governo federal e secretários estaduais de segurança para discutir medidas de combate à criminalidade. Reale Júnior evitou criar polêmica sobre a operação do Ministério Público do Rio no Presídio Bangu I, mas acabou elogiando a ação dos procuradores. “A ação foi eficiente para desmontar uma rede do tráfico”, comemorou. Já Aguiar acusou o MP de extrapolar os seus limites na operação de busca e apreensão no presídio: “foi autoritário, pouco profissional e agiu com histeria”.

O ministro da Justiça disse que Beira-Mar foi monitorado durante o tempo em que permaneceu na Polícia Federal, em Brasília, e não imaginava que, mesmo em Bangu I, suas conversas continuariam sendo rastreadas pela polícia. Durante solenidade no Palácio do Planalto para marcar a abertura da semana Nacional Antidrogas, Reale Júnior informou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já autorizou quatro empresas a instalarem bloqueadores de celulares em presídios, mas disse que a instalação depende de cada Estado.

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