Araçatuba, SP (AE) – A polícia identificou uma quadrilha comandada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) de dentro da Penitenciária de Valparaíso, a 585 quilômetros de São Paulo, e descobriu como os criminosos lavam o dinheiro da venda de entorpecentes. Vinte e duas pessoas foram presas e 25 estão sendo investigadas, acusadas de pertencer ou colaborar com a quadrilha, recebendo depósitos em dinheiro, depois repassados aos chefes do PCC.
A quadrilha, comandada por Márcio Gleiton Pereira, o "Pit Bull", tinha ramificações em Presidente Epitácio e Corumbá (MS), de onde vinha o crack e a cocaína vendidos na região de Presidente Prudente e Araçatuba, no interior de São Paulo. Pereira recebia ajuda de quatro detentos do mesmo presídio e de sua namorada, Rosangela Aparecida Correia, a Rose, que morava em Epitácio.
Presa com quase 2 kg de cocaína e crack na quinta-feira, Rose estava também com dezenas de comprovantes de depósitos de pequenas somas em dinheiro (entre R$ 200 e R$ 500) em nome de pessoas aliciadas pela facção, chamadas de soldados. Cada um, de acordo com a polícia, movimentava R$ 12 mil semanais com a venda das drogas. Um dos comprovantes, de R$ 9 mil, estava em nome de Pereira, que segundo a polícia, movimentava mais de R$ 30 mil mensais em sua conta bancária de dentro da cadeia.
Pelo telefone celular, Pereira fazia contato com integrantes da organização e dominava uma forte estrutura hierárquica, o que facilitava o aliciamento de pessoas para o tráfico. "O PCC está pulverizando o dinheiro em muitas contas para não levantar suspeitas", explica o delegado Márcio Domingos Fiorese, de Presidente Epitácio, que iniciou as investigações há quatro meses. Segundo ele, dessas contas, o dinheiro ia para as contas de chefes dos PCC, cujos nomes não foram divulgados. "Agora precisamos quebrar o sigilo dessas e de outras 25 contas que receberam o dinheiro do tráfico para saber como o dinheiro chegava aos chefes", diz.
A polícia chegou à quadrilha depois de interceptar ligações telefônicas e prender seis traficantes no início deste ano. Nesta sexta-feira, foram presos Kelli Vieira Guerra e seu irmão, um menor de 17 anos, moradores em Corumbá, que forneciam o crack e a cocaína à quadrilha. De acordo com Fiorese, as interceptações comprovaram que o esquema está sendo feito em outras regiões, como Araçatuba, onde Pereira mantém comparsas. Pereira, segundo o delegado, é apenas um piloto e é possível haver muitos outros a serviço do PCC no Estado. Para conseguir dinheiro para comprar droga, a quadrilha praticava assaltos. As investigações serão repassadas ao Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), da Capital.
