Rio de Janeiro (AE) – Oito pessoas foram baleadas, entre elas quatro crianças, na porta de uma escola pública do complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio. Os feridos foram envolvidos em mais uma disputa entre quadrilhas pelo controle do tráfico de drogas. As crianças são estudantes do Ciep Operário Vicente Mariano, que fica na Baixa do Sapateiro, uma das 16 comunidades do conjunto, próximo à Linha Vermelha. Por volta das 7h, elas aguardavam numa praça, na porta da escola, o horário do início das aulas. Faltavam poucos minutos para elas entrarem quando tiros espalharam pânico entre pais e alunos.
De acordo com a polícia, traficantes do Morro do Timbau, que fica logo acima da Baixa do Sapateiro, perseguiam e atiravam contra Jeferson de Oliveira Santos, de 22 anos, um dos feridos. Ele é morador da Vila dos Pinheiros, favela vizinha dominada por traficantes de uma facção criminosa inimiga. Para escapar dos rivais, ele correu em direção aos estudantes na porta da escola e os traficantes não pararam de atirar. M.A.M., de 13 anos, foi atingida na perna direita, assim como E.S.O., também de 13, e R.S.J., de 14. Eles foram atendidos no Hospital Geral de Bonsucesso (HGB) e tiveram alta no final da manhã de ontem.
L.F.M., de 11, também feriu-se na coxa direita, mas com maior gravidade. A bala, provavelmente de calibre 45 mm, comprometeu uma veia importante e ela teve de ser operada. Os adultos eram Ana Alice Arcanjo Nascimento, de 28 anos, e Deusdete Divino, de 47, que levavam filhos para a escola. "Ela estava indo com o filho para o colégio quando começou o tiroteio. Não deu nem para ver o que aconteceu", contou Flávio Rocha, marido de Ana Alice, ferida de raspão na perna. Chorando muito, Gelma Gabri Divino, mulher de Deusdete, estava preocupada com o estado do marido, que levou um tiro na perna direita. "Não sei o que fazer", disse. A irmã de um aluno contou que tudo foi muito rápido. "Costumo ficar olhando meu irmão entrar na escola, mas não olhei dessa vez. Quando estava andando de volta para casa ouvi os tiros."
Uma oitava pessoa não identificada foi ferida de raspão. Na correria provocada pelos tiros, algumas crianças se machucaram. A diretora da escola, hipertensa, passou mal e teve de receber cuidados médicos. Nenhum responsável quis falar sobre o caso. As aulas foram suspensas e a escola fechada após o incidente. Jeferson Santos, que seria o alvo dos tiros, também foi atendido no HGB com um tiro nas costas, mas deixou o hospital antes de ser abordado por policiais.
