Traficantes são os reis da Amazônia

Brasília – A certeza dos traficantes que atuam no espaço aéreo da Amazônia na própria impunidade é tanta que põe em xeque o policiamento da Força Aérea Brasileira na região. Por saberem que, quando interceptados, não serão destruídos pelos aviões tucanos da FAB, os pilotos do tráfico desrespeitam os militares que os interrogam pelo rádio e fogem com o contrabando. Eles sabem que, no máximo, as autoridades darão tiros de aviso, já que a “Lei do Abate”, que permitirá o tiro de destruição, apesar de já aprovada pelo Congresso, ainda precisa ser regulamentada para entrar em vigor.

A audácia dos traficantes não tem limites: eles fecham as cortinas das janelas do avião e fazem gestos obscenos, ao serem interceptados pelos tucanos da FAB. Gravação registrada pela Polícia Federal, mostra a conversa por celular, entre os bandidos que estavam em uma aeronave e seus comparsas em terra. O traficante em terra diz para o piloto da aeronave ficar calmo, pois o avião tucano só vai tirar foto. “Pode vir embora, eles só tiram foto, não atiram”, diz o traficante.

Indignado com o que ouviu na gravação, o Major Brigadeiro do Ar, Nicácio Silva, Comandante do VII Comando Aéreo Regional, diz que a Força Aérea tem ido até aonde a Lei permite, que é dar o tiro de aviso. “Infelizmente, não podemos aplicar o tiro de destruição”. disse o Comandante. “Eu acredito que o direito ao tiro de destruição permitirá à Força Aérea, finalmente, cumprir o seu dever de executar todas a suas ações de policiamento do espaço aéreo. O invasor precisa ter a certeza de que não sairá impune de uma situação como essa”, acrescentou o Comandante Nicácio Silva.

Para o general Villas Boas, Chefe do Estado Maior do Comando Militar da Amazônia, o combate ao narcotráfico não é a atribuição específica do Exército, e sim da Polícia Federal, a quem o exército tem proporcionado apoio de inteligência e apoio de infra-estrutura logística. No entanto, dentro do exército há discussões sobre o assunto. “Existe uma corrente que acha que nós, na fronteira, teríamos que ter esse poder de polícia”, diz Villas Boas.

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