Traficantes comunicaram aos moradores do bairro Bom Jesus, o maior de Santa Cruz do Sul, interior do Rio Grande do Sul, que vão deixar de vender crack a partir do dia 10 de dezembro. O anúncio foi feito por emissários enviados a uma reunião da comunidade na tarde de sexta-feira passada. Eles também avisaram que vão impedir que outros grupos ofereçam a droga na região. A restrição não valerá para outras drogas, como maconha e cocaína.

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Em entrevista ao jornal “Gazeta do Sul”, sob condição de anonimato, um entregador de drogas revelou que a onda de furtos e roubos decorrentes do consumo do crack estava “prejudicando os negócios”. Os traficantes estariam preocupados com o desgaste da própria imagem e com a excessiva exposição, que poderia atrair a atenção da Polícia.

“Mostramos a eles que o crack está matando crianças e destruindo famílias”, relata Clairton Ferreira, presidente da Associação de Moradores do Bairro Bom Jesus, entidade que vem ajudando famílias a conseguir internações para viciados e advertindo os jovens, em trabalhos comunitários, do poder destruidor da droga. “Espero que dê certo”, diz, referindo-se ao compromisso assumido pelos traficantes.

O major Valmir José dos Reis, comandante do 23º Batalhão da Brigada Militar, disse que não acredita em “promessa de traficantes”, mas se mostrou satisfeito por ver a comunidade mobilizada no combate às drogas. “Eu acredito na sociedade organizada para conquistar resultados”.

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