Rio
– Ao ser interrogado na quarta-feira pelo juiz Alexandre Abraão, do Tribunal do Júri, o traficante Ratinho negou ter participado do assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, e disse ser cobrador de Kombi de “lotação” no Complexo do Alemão. Apesar de a polícia dizer que ele usa os nomes de Renato de Souza Paula e Anderson Souza de Paula, Ratinho se identificou para o juiz como Cláudio Orlando do Nascimento. Ele é um dos nove acusados da morte de Tim, que foi torturado, assassinado e teve o corpo incendiado na Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão. Dois bandidos já morreram e apenas o chefe da quadrilha, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, está foragido.O depoimento das oito testemunhas de acusação, que seriam ouvidas na quarta-feira, foi adiado para as 11h de segunda-feira, a pedido de Paulo Roberto Pedrini Cuzzuol, advogado do traficante, que alegou não ter tido tempo de ler o processo, o que prejudicaria a defesa de Ratinho.
O interrogatório de Ratinho durou cerca de meia hora. Ele afirmou não ter qualquer ligação com o tráfico de drogas e disse que, no dia do crime, estava na casa da mulher, em Ipanema, com os filhos. Ratinho disse ainda que Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, que também está preso, deve ter sido torturado pela polícia para dizer que ele participara do crime. Ratinho já esteve preso por porte de armas e tráfico de drogas.
Na quarta-feira mesmo, um major, dois sargentos e um soldado do Serviço Reservado do 20.º BPM, que participaram da prisão de Ratinho, negaram em depoimento na Delegacia de Homicídios terem ouvido o bandido confessar ter dado o tiro de misericórdia na cabeça do repórter. Eles disseram que Ratinho contou que o “pessoal do morro” seqüestrou, torturou e matou Tim Lopes.
Segundo os policiais, Ratinho afirmou várias vezes que odiava o jornalista pela reportagem intitulada “Feirão das Drogas” e que Tim arrasara com sua vida, passando a xingar o jornalista. Para Zaqueu Teixeira, chefe de Polícia Civil, os depoimentos dos PMs foram importantes para mostrar a motivação do crime.