Depois de um sábado tranqüilo, moradores do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, voltaram a acordar com o som dos tiros disparados por traficantes e policiais. O confronto ocorreu no Morro da Fé, uma das 30 comunidades do conjunto de favelas, e terminou com um traficante morto. Desde o início da ocupação policial, em 2 de maio, 22 pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas.
Os policiais chegaram a acreditar que o criminoso morto fosse um homem conhecido como Dalua, suspeito de ter integrado o grupo que matou dois policiais militares numa emboscada, no dia primeiro de maio. Esse ataque acabou antecipando a ação que a Secretaria de Segurança planejava para o complexo.
No início da tarde, porém, o homem foi identificado como Clóvis Belizário de Molina, 24 anos, conhecido como Pepe. "A princípio, não há nenhuma informação de que ele tenha participado da emboscada", afirmou o comandante do 16.º Batalhão (Olaria), coronel Marcos Jardim. Com Molina, a polícia apreendeu uma escopeta e drogas.
O secretário José Mariano Beltrame disse que se reuniria ainda ontem com o comandante da Polícia Militar, coronel Ubiratan Ângelo, para tratar das estratégias para a volta as aulas no Alemão, prevista para hoje. Desde o início do mês passado, nove escolas municipais, onde estudam cinco mil crianças, estão fechadas.
A secretaria municipal de Assistência Social decidiu reunir os alunos num Ciep na Penha, longe da área de confronto. Ali as crianças receberão merenda e terão duas horas diárias de reforço escolar até que as outras instituições possam ser reabertas.
Beltrame disse ainda que vai pedir que os homens da Força Nacional de Segurança permaneçam mais tempo no Rio, já que o Ministério da Defesa não pretende mandar militares para ajudar na segurança da cidade, como havia sido pedido pelo governador Sérgio Cabral (PMDB). "Como técnico, sei que constitucionalmente não é possível o emprego das Forças Armadas. A solução definitiva é valorizar as polícias, equipar as corporações para que tenhamos ostensividade. Vamos atuar com o número de homens que nós temos e procurar suprir a carência de pessoal, solicitando a permanência da Força Nacional".
Beltrame reconheceu que os agentes da FN estão alojados em locais com "péssimas condições". "Veio um grupo na frente para recuperar esses locais e já há tratativas com Exército e Marinha para que eles tenham outros alojamentos".