Um encontro de moradores do Complexo da Maré, na zona norte do Rio, para discutir segurança pública, teve seu início prejudicado, ontem (28), por uma troca de tiros próxima ao local do evento, o Centro de Artes da Maré. Segundo os organizadores do encontro, o tiroteio começou logo no início da manhã, quando o comandante do Batalhão da Polícia Militar da Maré, coronel Rogério Seixas, chegou, com sua escolta, para participar do evento.
Devido ao grande número de policiais, supostos criminosos pensaram que se tratava de uma operação e atiraram contra a PM. “A gente ficou meio acuado, porque até no Centro [de Artes da Maré] caíram tiros. Foi um momento meio tenso. Depois ficou tranquilo, porque a gente foi até eles [os criminosos] e explicou que se tratava de um evento de segurança pública e que o comandante do batalhão estava lá para discutir [segurança], ou seja, que não estava havendo nenhuma invasão da polícia”, disse Eliana Silva, diretora da organização não governamental Redes de Desenvolvimento da Maré.
Apesar disso, o encontro foi realizado com a presença do comandante e de representantes das 16 favelas do Complexo da Maré, sem que qualquer outro contratempo fosse registrado. Os resultados da Conferência Livre na Maré sobre Segurança Pública serão reunidos em um documento a ser entregue à 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, que ocorrerá em agosto deste ano, em Brasília.
Segundo Eliana Silva, o documento só deve ficar pronto no final desta semana, mas ela adiantou que um dos principais focos das discussões da conferência de ontem foi a atuação da polícia dentro das favelas que compõem o Complexo da Maré.
“Uma coisa muito forte que foi discutida é a necessidade de se mudar a relação da polícia com os moradores. Independente de ser uma área que tenha esses grupos criminosos armados, a polícia tem que agir com muito mais inteligência”, disse Eliana Silva.