Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo aponta indícios de que Fernando Solon Borges, de 37 anos, filho da desembargadora Tania Garcia de Freitas Borges, presidente do Tribunal Regional Eleitoral/MS, seria integrante de uma organização criminosa montada para assassinatos, corrupção de servidores públicos, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e porte ilegal de armas.
O filho da magistrada foi preso no dia 8 de abril pela Polícia Rodoviária Federal no município de Água Clara (MS). Com ele, os agentes apreenderam 129 quilos de maconha e munições de grosso calibre – 199 projéteis 7.62 e 71 projéteis de 9 milímetros.
Na sexta-feira, 21, o plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Estado decidiu substituir o regime de prisão preventiva em que Breno se encontrava por internação provisória em uma clínica médica.
Laudos anexados pela defesa ao pedido indicam que o filho da desembargadora sofre de Síndrome de Borderlin – doença marcada por “desvios dos padrões de comportamento”, com alterações de afetividade e controle de impulsos.
Cerca de dez dias antes de ser preso com drogas e munições pesadas, Breno caiu no grampo da Polícia Federal ajustando por mensagens de texto os pontos finais de uma ação espetacular.
Seu interlocutor, na ocasião, era Tiago Vinícius Vieira, apontado como o líder da organização montada para assassinatos, corrupção de servidores públicos, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e porte ilegal de armas. Tiago, que chama Breno de ‘mano’, é interno do presídio de segurança média de Três Lagoas.
Segundo a PF, o filho da desembargadora atuava como ‘agente operacional’ de Tiago.
No diálogo capturado pela PF, Breno pede a Tiago, a quem chama de “bicho”, para lhe vender uma submetralhadora israelense Uzi. Tiago pergunta a Breno se ele “não pode dormir na cidade” – o plano de fuga havia sido adiado por causa da chegada ao presídio de um novo detento.
“Dormir eu não posso”, desculpa-se Breno. “Eu tinha que ter alguma desculpa prá minha mãe também, entendeu? Se eu dormir aqui vai dar desconfiança prá minha mãe. Se for o caso eu venho amanhã, bicho.”
A reportagem de O Estado de S. Paulo fez contato com o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul, mas não obteve retorno.