“Acredito que o diabo está orando, pedindo a Deus para ele (Marcos Aparecido dos Santos, o Bola) não tomar o lugar dele”, disse a testemunha Jailson Alves de Oliveira, que segue nesta terça-feira, 23, sob interrogatório do advogado de defesa do ex-policial Ércio Quaresma, após um pequeno intervalo. Jailson contou que teria ouvido as confissões de Bola nos pavilhões da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), durante o período em que o réu ficou preso ali também. O depoente afirmou, inclusive, que Bola admitiu ter dado “bobeira” ao deixar a foto onde duas pessoas que foram assassinadas aparecem com um x no rosto.
Nesta terça começou o segundo dia de julgamento de Bola, acusado de ser o executor de Eliza Samudio, a mando do goleiro Bruno Fernandes, que era amante da modelo. Para o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcellos, responsável pela acusação do réu, a estratégia da defesa de prolongar ao máximo os interrogatórios das testemunhas é um tiro no pé, na medida em que cansa os jurados e provoca neles uma antipatia em relação ao acusado.
Ele afirmou que o acusado de executar Eliza assistia o noticiário sobre o caso com frequência na sala de Jailson. O interrogado reafirmou a denúncia de um suposto plano para matar a juíza Marixa Rodrigues. O assassino seria o “Nem da Rocinha”.
Antes disso, Quaresma tentou desqualificar Jailson, listando os crimes que teria cometido, como um latrocínio. O advogado também perguntou se o preso já havia “dedurado” outras pessoas. Jailson respondeu que sim, sempre em casos envolvendo policiais e agentes penitenciários. Um deles foi um tenente coronel que “vendia” fugas. Quaresma foi repreendido pela juíza e motivou protestos do promotor ao chamar Jailson de “delinquente contumaz”.
Nas perguntas que fez a Jailson, o promotor Henry Wagner conseguiu que ele reafirmasse sua versão de que ouviu do próprio Bola que Eliza foi queimada em pneus, e as cinzas, jogadas em uma lagoa.
O julgamento está sendo realizado no Fórum de Contagem, onde o goleiro Bruno foi condenado a 22,3 anos de prisão em março. Seu braço direito, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos em novembro de 2012.