Pacientes de hospitais públicos com infecção generalizada precisam aguardar o dobro do tempo para receber diagnóstico e tratamento e têm risco de morrer 30% maior que o de pessoas internadas em instituições particulares. A conclusão é de uma pesquisa do Instituto Latino-Americano da Sepse (Ilas) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo foi realizado com 396 pacientes com sepse grave e choque séptico internados em 18 instituições – 9 públicas e 9 privadas.

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“As pessoas chegavam ao hospital no mesmo estado, mas, na hora do diagnóstico, as internadas em instituições públicas apresentavam um quadro mais grave. Ou seja, não era um problema do doente e sim da atenção”, diz Flávia Machado, presidente do Ilas e coordenadora do estudo. Os pacientes de instituições públicas pesquisados eram, em geral, mais jovens e tinham menos doenças associadas – ainda assim, morreram mais.

A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo, causado por uma infecção, que pode estar localizada em um único órgão. O problema ocorre quando as toxinas liberadas pelo sistema imunológico para tentar combater o agente infeccioso passam a atacar também os órgãos vitais, causando problemas circulatórios e queda acentuada na pressão arterial.

No Brasil, a doença é a principal causa de morte nas UTIs, superando até mesmo enfarte e câncer. Segundo dados do Ilas, quase 60% dos brasileiros que adquirem sepse acabam morrendo – índice muito superior à média mundial de 30%.

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