O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reconheceu nesta quarta-feira (30), em Maceió, que o governo federal errou no combate à dengue, quando não deu à questão a dimensão necessária, mas que procura corrigir esse erro, cobrando dos governadores e prefeitos do Brasil ações mais efetivas no enfrentamento da doença. Segundo Temporão, "se cada um não fizer a sua parte, teremos em 2009 uma epidemia maior do que a registrada este ano em alguns Estado". "Precisamos da participação de todos os setores da sociedade para conter o avanço da doença no País", acrescentou.
De acordo com ele, em 2007, foram registrados 258 mil casos no País; este ano, o número de notificações passa de 230 mil. Desse total, 54,18 mil ocorrências foram registradas do Nordeste, que, em 2007, registrou 41 mil casos. "Os números mostram o avança da doença em todos os Estados nordestinos, principalmente na Bahia (12,6 mil casos), no Rio Grande do Norte (11,82 mil) e no Ceará (10,08 mil)", afirmou.
Segundo Temporão, o governo tem preocupação com a temporada de chuvas no Norte e Nordeste. Por isso, em maio, o ministro da Saúde visitará os Estados do Norte para pedir o engajamento dos governadores da região no combate à enfermidade. "Outra região que preocupa é o Sudeste, onde a doença avança e precisa ser controlada", disse. Para Temporão, a situação da moléstia no Rio agravou-se por causa da "apatia" da população diante da dificuldade.
"Ou a população ajuda o governo no combate à dengue ou vamos perder a luta contra o mosquito", disse, acrescentando que pediu o apoio das e multinacionais e de grandes empresas estatais – a exemplo da Coca-Cola, McDonald’s, Unilever, Petrobras, Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Brasil (BB) – para que promovam campanhas de combate à doença infecciosa, conscientizando os empregados e consumidores, por meio de mensagens educativas nos produtos e serviços.
Mobilização
O ministro declarou ainda que a mobilização é um trunfo importante na luta contra o mosquito. Para isso, Temporão prosseguiu afirmando que espera contar com a ajuda de bandas de forró, axé e grupos de pagode na exibição de publicidade sobre a conscientização da importância da prevenção, durante shows pelo País. "Em 1996, a dengue estava presente em 1.753 (cidades); este ano, já atinge mais de 3.970 cidades brasileiras e a tendência é se espalhar ainda mais", acentuou.
Para fazer frente ao avanço da doença no País, o ministro anunciou que a administração federal pretende criar a força nacional de saúde, composta por 700 técnicos especializados em combate a endemias. "Essa força será criada nos moldes da Força Nacional de Segurança (FNS) para atuar em locais específicos, onde haja situação de risco de epidemia ou de calamidade pública", detalhou.