Coordenador de engenharia no resgate às vítimas de Nova Friburgo, o presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), Ícaro Moreno Júnior, diz que as chuvas foram tão devastadoras na cidade que “mudaram o curso dos rios”. “A bacia hidrográfica passou a ser outra, e isso altera também o ecossistema. Vamos ter de refazer o desenho dos rios nos mapas e acrescentar ilhas fluviais que nunca existiram. E não há como voltar ao traçado antigo porque muitos dos sobreviventes foram parar nessas ilhas”.
Ontem pela manhã, homens do Exército começaram a sobrevoar as áreas atingidas para fotografar a nova geografia das cidades. As imagens captadas serão depois inseridas em um programa de computador, que cria os mapas a partir desses dados. O Exército espera ter esses mapas impressos em no máximo 48 horas. “Os deslizamentos e as enchentes modificaram muito a geografia das cidades, principalmente nas áreas rurais. Isso traz dificuldade para as tropas se localizarem”, diz o major Rovian Alexandre Janjar.
Moreno afirma que a área mais atingida da cidade foi o Córrego Dantas, às margens da estrada que liga Nova Friburgo a Teresópolis. Ali, um riacho que tinha 4 metros de largura por 2m de profundidade passou a ter 100m por 8m. Ele nega que tenham ocorrido tremores de terra além dos causados pelos deslizamentos, como acreditam alguns moradores da região.