Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil |
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Ministra Marina Silva: governo precisa intervir já. |
A temperatura média no Brasil poderá aumentar ainda neste século de 25 graus (média entre 1961 e 1990) para 28,9 graus, em um cenário de altas emissões de dióxido de carbono, e para 26,3 graus, em um cenário de poucas emissões de CO2. Na Amazônia, o aumento médio pode ser pior, variando de 3 a 8 graus a mais, no cenário mais pessimista possível.
Os dados estão no estudo Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira, do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) José Marengo. A pesquisa foi divulgada ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, juntamente com mais sete estudos sobre as conseqüências das mudanças climáticas no país.
Ao analisar os números, o pesquisador considerou dois cenários extremos. O primeiro é totalmente pessimista, ou seja, considera que nada será feito pelo país para diminuir as causas do aquecimento global. O segundo cenário é absolutamente otimista, ou seja, tudo será feito para melhorar o quadro.
Com base nesses parâmetros, no Nordeste, os aumentos seriam entre 4 graus e 2,2 graus; no Pantanal, 4,6 graus e 3,4 graus; e na região Sul, mais especificamente na Bacia do Prata, de 3,5 graus e 2,3 graus, respectivamente.
Segundo o estudo, essas mudanças climáticas poderão alterar a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas. Pode haver perda de espécies animais e vegetais, causadas por alterações das rotas migratórias (no caso das aves, por exemplo) e nas mudanças nos padrões reprodutivos das espécies.
Um outro temor expresso na pesquisa é de que a capacidade de absorção de carbono das florestas tropicais diminua com o tempo. Neste caso, florestas como a Amazônia deixariam de funcionar como eliminadoras de carbono e passariam a ser fonte de emissão de gás.
O que se pode esperar biologicamente é que o sistema amazônico como é agora pode mudar. Se o clima mudar, a biodiversidade pode ser impactada, possivelmente outras biodiversidades podem mudar e podemos ter situações mais freqüentes, como a seca de 2005, afirmou Marengo.
O estudo também traz a informação de que as mudanças climáticas deverão facilitar a reprodução de insetos transmissores de doenças, aumentando a incidência de moléstias como malária, dengue, febre amarela e encefalite. A redução de chuvas e o aumento dos incêndios florestais causaria mais doenças respiratórias e as pessoas também morreriam mais por causa das ondas de calor, especialmente crianças e idosos.
Nível do mar deve subir 40 centímetros
Brasília (ABr) – O estudo apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente revela perspectivas preocupantes de aumento no nível do mar e da temperatura média do país. Depois de apresentar os dados, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu que o governo planeje suas políticas para atuar no problema do aquecimento global.
Ela cita como exemplo o programa de combate ao desmatamento da Amazônia. ?Advogo que se faça algo semelhante ao que fizemos em relação ao desmatamento da Amazônia. Nós fizemos um plano de prevenção e combate ao desmatamento da Amazônia e talvez tenhamos que fazer o mesmo em relação questão das mudanças?, afirmou a ministra.
O estudo observou uma tendência de aumento do nível do mar da ordem de 40 centímetros por século ou quatro milímetros por ano. As conseqüências desse possível aumento poderão atingir as cidades litorâneas e 25% da população brasileira, ou seja, 42 milhões de pessoas que vivem na zona costeira, sendo que a cidade do Rio de Janeiro é uma das mais vulneráveis, juntamente com a Ilha de Marajó.
