Temer anuncia acordo para pacificar PMDB

Brasília – O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), afirmou ontem que “muito brevemente” anunciará os termos de um acordo entre as duas alas do PMDB, pacificando e reunificando o partido. “Amanhã (hoje) teremos novidades. Espero que seja a grande obra de minha gestão”, afirmou.

Ele relatou que teve um longo encontro com os dois candidatos do partido à Presidência do Senado – os senadores José Sarney (AP), apoiado pelo Palácio do Planalto, e Renan Calheiros (AL). Temer disse que manteve essas conversas em busca da “pacificação” do PMDB. Ele acrescentou que todos com quem tem conversado, nas duas alas do partido, ficaram “seduzidos” pelas suas teses e pelos termos do acordo, os quais quer divulgar ainda hoje.

Pelo acordo, segundo Temer, as duas alas do partido farão concessões. A ala dissidente, de Sarney, teve encontro em João Pessoa (PB) na semana passada, quando pediu a suspensão da intervenção do Diretório Nacional no PMDB de São Paulo, deixando aberta a possibilidade de um entendimento com o ex-senador Orestes Quércia. Na mesma reunião, os dissidentes escolheram o dia 16 de fevereiro para a realização da convenção do partido.

Impase

No Senado, a presidência deverá ficar com o PMDB. Mas ainda não existe consenso sobre o candidato ao cargo. O partido só vai se reunir para escolher o nome no próximo dia 31, vésperas da eleição para a Mesa Diretora. Atual líder da bancada, Calheiros espera que todos os partidos, inclusive o PT, respeitem o candidato escolhido pelo PMDB para disputar a Presidência do Senado.

Mas ele teme que o seu partido saia rachado do impasse: “Nós queremos buscar uma saída que preserve a unidade partidária, se for possível. Se isso não for possível nas próximas 48 horas, essa unidade ficará impossibilitada”, advertiu o parlamentar.

Se não houver acordo no PMDB, segundo Calheiros, a presidência do Senado será disputada voto a voto no Plenário, na eleição marcada para o dia 1.º de fevereiro.

Sarney pode disputar sozinho

Brasília (AE) – O ex-presidente da República e atual senador pelo PMDB do Amapá José Sarney poderá ser o candidato único à presidência do Senado, na hipótese de que o acordo proposto pelo presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), seja aceito pelos grupos em conflito no partido.

A possibilidade de candidatura única foi apresentada por Temer a Sarney, ontem de manhã, numa conversa de duas horas, e a seu adversário na competição, senador Renan Calheiros (AL), durante jantar de dirigentes da liderança do partido, anteontem à noite.

“Essas conversas foram extremamente úteis”, disse Temer, acrescentando que ambos os lados concordaram com a tese de pacificação e unificação do partido. Embora o senador José Sarney (AP) tenha divulgado, por meio de sua assessoria, que o acordo do PMDB implicava a renúncia da candidatura de Renan Calheiros (AL) à presidência do Senado, o senador alagoano não confirmou informação. Também por meio de sua assessoria, ele disse que “não entendeu o acordo desta forma”, embora confirme um “amplo entendimento”. Ficou descartada uma “terceira via”, ou seja, não será apresentado um nome alternativo.

De qualquer foirma, o PMDB admite que está estudando uma compensação para o senador Renan Calheiros (AL) abrir mão de sua pré-candidatura à presidência do Senado.

Além da questão do Senado, devem também fazer parte do acordo proposto por Temer a suspensão da convenção nacional do PMDB, convocada para 16 de fevereiro pelo grupo liderado por Sarney e, em contrapartida, a Executiva Nacional do PMDB poderá suspender a intervenção no Diretório Regional do partido em São Paulo, decretada há cerca de um mês.

De acordo com o acordo, Temer deverá continuar na presidência do PMDB para cumprir seu mandato até setembro.

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