O presidente Michel Temer vai continuar, pelo menos até o momento, sem fazer uma manifestação pública direta em relação ao massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj, em Manaus (AM), que culminou com a morte de 56 detentos.
A avaliação no Planalto é que a manifestação do governo já está sendo feita com ação in loco por meio do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que na segunda-feira, 2, a pedido do presidente, foi para a região. Segundo auxiliares de Temer, o presidente vai aguardar o “diagnóstico” que Moraes trará da situação e apenas depois definir se tomará ações, como convocar governadores para Brasília para ampliar o debate sobre o tema.
“O presidente determinou que o ministro tome as providências necessárias e isso já está sendo feito, certamente Moraes vai reportar todas as informações no seu retorno e então o presidente determinará novas ações”, disse uma fonte. O Planalto salienta que a situação é “delicada” e “grave” e não descarta que a crise que começou em Manaus possa se espalhar por outros Estados. “São brigas de segmentos organizações, do crime organizado, e as experiências anteriores com esse tipo de situação demonstram que é preciso ter cautela em qualquer tipo de ação do governo”, salientou outro auxiliar de Temer.
Apontada como a terceira maior facção do País, atrás apenas do PCC e do Comando Vermelho, a Família do Norte do Amazonas matou 56 detentos no Compaj. As mortes estão relacionadas com a disputa entre a FDN e o PCC.
Silêncio
Em relação à diferença de postura ao episódio da chacina em Campinas no ano novo, que culminou com a morte de 12 pessoas, quando Temer usou o Twitter para lamentar o ocorrido, auxiliares do presidente dizem que “não é possível comentar todas as mortes” e ressaltam que a “melhor resposta ao caso de Manaus é continuar trabalhando”. E que o caso de Campinas se tratava de uma “tragédia familiar”. “Neste caso, é um episódio de Segurança Pública, que exige mobilização das forças de inteligência, é mais complexo”, disse uma fonte.
O Planalto também minimiza a ausência de posicionamento oficial do presidente destacando que na semana passada o governo autorizou o repasse aos Estados de R$ 1,2 bilhão do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), justamente consciente da necessidade de corrigir problemas nos presídios brasileiros.
Entre as ações destacadas pelo governo, além do repasse de recursos, está a disponibilidade de auxiliar na transferência de presos e também oferecer a inteligência de segurança nacional para contribuir para solucionar a crise.