A Acadêmicos do Tatuapé cumpriu com competência, mas sem grandes brilhos, a tarefa de levar à avenida a história da sambista Beth Carvalho. Os grandes sucessos, os amigos sambistas e as paixões da cantora carioca estiveram presentes no desfile, que teve um desenrolar sem problemas, embora a escola tenha usado todos os 65 minutos a que tinha direito. Só faltou mesmo a homenageada, que foi proibida de desfilar pelos médicos porque ainda se recupera de uma cirurgia na coluna a que se submete no ano passado.
A comissão de frente, formada por integrantes vestidos como o personagem Zé Carioca, lembrou que a sambista é um símbolo do Rio de Janeiro. O grande carro abre-alas trouxe um tatu – mascote da escola – dourado. O animal também foi o tema da fantasia da bateria da escola da zona leste de São Paulo.
O samba esteve presente em todos os momentos no desfile, especialmente pela ligação da cantora com a Mangueira e com o bloco Cacique de Ramos, berço de grandes compositores lançados por Beth Carvalho. Nomes como Arlindo Cruz, Almir Guineto, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho apareceram em vários adereços ao longo do desfile. Uma ala homenageou ainda a escola paulistana Vai-Vai. Além do samba, o futebol também foi citado, devido à ligação de Beth com o Botafogo.
Um dos carros lembrou que a música de Beth já foi até para o espaço. Nos anos 90, a música “Coisinha do Pai”, de Jorge Aragão – um dos compositores lançados por Beth -, foi usado pela Nasa para “acordar” o jipe-robô que explorava o solo de Marte.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego e Jussara, estavam muito emocionados por representar as cores azul e branco da Acadêmicos do Tatuapé porque sonhavam há muito tempo em estrear no Grupo Especial. Eles se conheceram como casal mirim de mestre-sala e porta-bandeira e desde então sonhavam desfilar o estandarte em um grupo de elite do carnaval.
O presidente da escola, Roberto Munhoz, lamentou a ausência da cantora no desfile, mas não acredita que isso possa atrapalhar a escola. “A ausência de Beth Carvalho foi sentida. Todos nós ficamos tristes, mas ela teve um problema de saúde de não pode vir”. Mas a escola fez um grande espetáculo. Fechamos no tempo”, afirmou. Sobre a possibilidade de a escola permanecer no Grupo Especial, ele disse que isso “depende dos jurados”, mas lembrou que a Tatuapé já abriu um carnaval, como hoje, e conseguiu se manter entre as principais escolas.