Enquanto o governo tentará a partir de fevereiro ampliar sua base política no Congresso, a oposição ameaça endurecer e obstruir as votações no Senado. "Se o governo continuar no ritmo que está, com a prepotência e com a mesma fúria tributária, nós vamos ser obrigados a ser mais resistentes do que nos cinco anos anteriores do governo Lula", afirmou hoje o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), acrescentando que a obstrução poderá ser necessária para que "o governo não jogue fora tudo que se ganhou nos últimos anos, em função de uma fúria tributária e de uma vontade de não fazer nada, de fazer populismo, aquilo que é mais fácil"
Segundo o senador, a oposição acredita que o governo está indo por um caminho errado na economia, ao anunciar o pacote de medidas de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para compensar as perdas financeiras com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). "É um péssimo sinal. Acomodou-se naquilo que é mais fácil, quando aumenta impostos, ao invés de se preocupar em negociar uma Reforma Tributária e uma redução de despesa", prosseguiu o tucano, para quem o governo está "prepotente e arrogante".
"Não reconhece aquilo que é óbvio, que está gastando demais, que a carga tributária está altíssima, e não abre mão de um desperdício de recursos, inédito nos últimos anos na política econômica brasileira, o que vai levar no futuro a conseqüências muito difíceis para o País." Na avaliação de Jereissati, a oposição não deveria ficar surpresa com as medidas, mesmo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha declarado, em dezembro, que não teria aumento de carga tributária para compensar a CPMF. "Nós deveríamos estar acostumados com o fato de o presidente dizer uma coisa e no dia seguinte acontecer outra", afirmou.