Tasso acha que Dirceu se estressou

Brasília – O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) questionou ontem o “estado psicólogico” do chefe da Casa Civil, José Dirceu, ao comentar a “avaliação confusa” que ele fez do discurso dele de preservação da política econômica desenvolvida pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Na semana passada, Jereissati ocupara a tribuna do Senado para criticar o movimento feito por setores ligados ao governo com o objetivo de desestabilizar a equipe econômica. Ontem, no entanto, em entrevista ao jornalista Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, Dirceu criticou duramente a fala do senador do PSDB do Ceará, a quem acusou de querer desestabilizar a gestão.

No discurso, Jereissati sugeriu a Dirceu que “tire umas férias para descansar” a fim de recuperar “a serenidade necessária para quem exerce um cargo da importância do dele”. “Acho que o ministro José Dirceu não está bem, está um pouco fora de controle”, alegou, dizendo-se “preocupado” em constatar que Dirceu, “que é quase um primeiro-ministro” não tem suportado a pressão política provocada pelo impacto político das investigações sobre o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz.

A fala de Jereissati foi apoiada por seis senadores, entre eles o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que exortou a administração federal e os aliados a “rasgarem a fantasia”. “Não existe o caso Waldomiro. Quem sabe existe o caso José Dirceu e é disso que ele tem medo. Existe uma conexão que passa por Buratti (consultor), passa por Waldomiro e pelo crime organizado e nos leva a entender o porquê de tanta paúra, de tanto medo investigação”, afirmou. Virgílio disse não ter provas contra Dirceu, mas argumentou que “ninguém faz aquilo tudo sozinho”, referindo-se ao esquema de cobrança de propina em que Diniz, supostamente, atuava.

Apenas a líder do bloco do governo, Ideli Salvatti (PT-SC), tentou defender Dirceu. Mas, em vez disso, terminou mesmo por acusar Jereissati de também ter perdido o “equilíbrio” durante uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sem que ela e os aliados tenham se valido do fato para “desqualificá-lo” na tribuna. A senadora referiu-se ao dia em que Jereissati, de forma contundente, protestou contra a insistência do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), em cobrar por fatos ocorridos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No plenário, os demais petistas nem apoiaram Ideli nem contestaram o senador tucano.

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