Foto: Agência Brasil |
Ministro Tarso Genro denuncia ?práticas e condutas incompatíveis? em setores do PT. Alvo é o grupo de José Dirceu. |
Petistas que lançaram em fevereiro o manifesto Mensagem ao Partido retomam, no anteprojeto de sua tese para o 3.º Congresso Nacional do PT, o tom crítico a setores do partido e fazem ataques ao Banco Central. Embora não volte a falar em ?corrupção ética e programática?, como na primeira versão da Mensagem ao Partido, lançada em janeiro, o grupo – do qual faz parte o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro – acusa setores do PT de ?práticas e condutas incompatíveis com a ética republicana? e critica a impunidade dos ?mensaleiros?. Já a gestão de Henrique Meirelles no BC é classificada de ?anti-republicana? e ligada ao grande capital financeiro.
?Se não aceitamos em geral a máxima de que o número de votos conferido a um político acusado de corrupção o anistia dos erros cometidos, não podemos aplicar este preceito dentro do PT?, diz o documento, que condena a ?conivência, a desresponsabilização, a condescendência?, em menção velada aos envolvidos em escândalos .
Com forte peso de militantes gaúchos, mineiros e nordestinos, o grupo retoma a tese da ?despaulistização? da direção petista. Também critica a prática da antiga direção, de se reunir antes das instâncias oficiais para decidir as questões e depois impor as resoluções ao restante da legenda.
O alvo é o Campo Majoritário, grupo de tendências moderadas que dirigiu a legenda de 1995 a 2005. ?Reconhecendo-se a importância da contribuição de São Paulo na construção do PT, é imprescindível hoje o compartilhamento mais nacional das tarefas de direção do partido?, afirma o documento. ?A nova realidade política e regional do partido exige que seja superada a visão de um campo majoritário que impõe às instâncias nacionais as decisões tomadas a priori e em grupo.?
O documento, embora não mencione Meirelles, é cáustico com sua gestão. ?O maior entrave hoje à construção de uma economia do setor público é o caráter historicamente anti-republicano da gestão do Banco Central (…)?, ataca o texto. ?Este caráter anti-republicano, acentuado nos anos do neoliberalismo, se revela hoje ainda na financeirização de sua gestão, isto é, na sua relação íntima com o capital financeiro, na escolha de seus quadros, em seus procedimentos, em suas fontes de informação, em suas políticas e metas.?
A ala que produziu o documento tem o apoio dos governadores Ana Júlia Carepa (Pará), Wellington Dias (Piauí) e Marcelo Déda (Sergipe) e de pelo menos um importante grupo de esquerda, a Democracia Socialista. O governador da Bahia, Jaques Wagner, inicialmente flertou com o grupo, mas se afastou por causa dos problemas causados pela versão de janeiro do manifesto.