São Paulo – Em discurso para uma platéia de especialistas em educação – entre eles autoridades de sete outros países – o ministro Tarso Genro, da Educação, propôs ontem, em São Paulo, ?um diálogo sem exclusões prévias? para ?uma nova reforma universitária que signifique um pacto entre governo, comunidade universitária e sociedade?. Isso, em seu entender, é ?uma necessidade urgente? para salvar a educação superior. Foi a mais longa e aprofundada avaliação pública do ministro sobre a reforma que, nos últimos quatro meses, envolveu universidades, governo, estudantes, consultores e até empresas. Nela ficou evidente seu empenho em tratar de temas que o projeto original do MEC abordou superficialmente – o empenho com a qualidade, a importância da pesquisa, o contexto internacional – o que lhe custou críticas e cobranças dos mais diversos setores. O discurso de Tarso Genro abriu ontem pela manhã o Seminário Internacional sobre Reforma e Avaliação do Ensino Superior, que discutirá por três dias as ?Tendências na Europa e América Latina?, na organização da vida universitária. Além de brasileiros, participam do seminário convidados da Espanha, França, Portugal, Bélgica, México, Argentina e Uruguai.
Futuro
Sem abandonar princípios que vem defendendo desde o início do debate – como a criação de um sistema integrado para o ensino superior, as ações afirmativas e o papel estratégico das universidades federais -, Tarso ampliou a análise para vários outros temas, numa antecipação do que poderá ser a nova versão do anteprojeto do MEC. No final da exposição, resumiu a proposta a dez pontos gerais e não se furtou a fazer críticas ao corporativismo, ?de esquerda ou de direita?, que definiu como ?suposto direito do fragmento contra o todo?. Coincidência ou não, é outro tema que a primeira versão do anteprojeto nem mencionou. Ele descartou a idéia de um projeto que copie universidades americanas ou européias: ?Uma universidade renovada não pode ser resultado de uma mimese empobrecida do que já foi feito nos países centrais?, afirmou, porque essas universidades ?já estão em crise? e são ?de nações já realizadas?.