Rio de Janeiro – Pesquisadores do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa) da Universidade de Campinas (Unicamp) vão acrescentar 120 novos alimentos à Tabela Brasileira de Composição Nutricional de Alimentos (Taco) até o segundo semestre de 2008.
A tabela foi iniciada há dez anos e, em sua primeira versão, contava somente com 198 alimentos industrializados, por questões metodológicas, explicou à Agência Brasil o pesquisador Dag Mendonça, da Nepa/Unicamp. Atualmente, a tabela tem cerca de 500 produtos in natura [carnes, peixes, hortifrutigranjeiros] e produtos industrializados.
Cinco laboratórios de universidades e centros de pesquisa, entre eles a Embrapa Agroindústria de Alimentos, participam do projeto, fazendo a análises dos produtos. Esses laboratórios avaliam a composição dos alimentos em termos de vitaminas, minerais e outros nutrientes.
?A gente faz a identificação de alguns nutrientes, proteínas, fibras, carboidratos, lipídios, ácidos graxos, algumas vitaminas, alguns minerais e divulga o resultado?, informou o pesquisador da Unicamp. A tabela está disponível no site de algumas entidades, entre elas os Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Nepa e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Dag Mendonça destacou, entretanto, que a Taco é um instrumento dinâmico. Ou seja, ela continuará recebendo informações sobre produtos, ?porque é impossível esgotar toda a gama de alimentos que a gente tem. E a indústria, cada vez mais, disponibiliza no mercado alimentos novos com variados apelos. É uma tabela que não tem fim. À medida que novos alimentos industrializados aparecem, novos cultivares que a agricultura desenvolve, esses alimentos tendem a ser inseridos na tabela?.
O pesquisador explicou que as tabelas internacionais, como a dos Estados Unidos, não devem ser adotadas como referencial no Brasil, servindo apenas como elemento de comparação. Isso porque os dados dessas tabelas, obtidos a partir de alimentos usados nesses países, não apresentam necessariamente as mesmas condições dos consumidos no Brasil. ?Na hora em que você analisa um alimento que não foi introduzido e consumido aqui, e a população não tem a produção ou o hábito de consumi-lo, você pode superestimar ou subestimar o valor nutricional daquele alimento?, acrescentou.
Mendonça destacou a importância da Taco para a formação de políticas públicas de segurança alimentar nas três esferas de governo. Além disso, afirmou que a tabela serve para ajudar o cidadão brasileiro a identificar o que está ingerindo. A Taco contribui também para a elaboração de cardápios mais nutritivos em creches, escolas e empresas, para a pesquisa na área de alimentação e para a rotulagem de alimentos, ajudando a indústria, os médicos e nutricionistas. ?É a partir da composição do alimento que você tem idéia do que está ingerindo em níveis de proteínas, carboidratos, lipídios etc.?, comentou.
Ele considera que a Taco representa ferramenta que ajuda a prevenir algumas doenças, na medida em que informa de maneira fidedigna a composição dos alimentos. ?Então, se você tem alguma limitação em carboidrato, por exemplo, ali há uma fonte de que alimentos têm maiores teores de carboidratos. E assim por diante. Aí a tabela acaba controlando alguma deficiência ou necessidade nutricional que o indivíduo tenha?. A Taco ajuda ainda o consumidor na escolha de alimentos que possuam o maior teor de vitaminas ou nutrientes de que necessite para sua dieta.
Os cerca de 500 alimentos que compõem hoje a Taco incluem frutos e produtos das várias regiões brasileiras, como acarajé e pão de queijo. A idéia, revelou Dag Mendonça, é contemplar mais produtos e frutas regionais devido à elevada diversidade de alimentação existente no país.
