Presa há 12 anos na Penitenciária Feminina Santa Marta Eufrásia Pelletier de Tremembé, em São Paulo, pela participação na brutal morte dos pais em 2002, Suzane Von Richthofen falou pela primeira vez sobre o crime que mudou sua vida, em uma entrevista para o apresentador Gugu.
A condenada falou também sobre a relação com seu irmão Andreas. “Sei que ele sofreu muito, mas não sei como ele passou esses anos todos”, contou. Eles não se veem desde 2006, quando ocorreu o julgamento de Suzane. Ainda sobre a família, Suzane afirmou ter saudades da mãe. “Tenho certeza que ela me visitaria aqui”, relatou.
No ano passado, Suzane se recusou a receber a herança de R$ 10 milhões dos pais e acabou deixando-a para o irmão mais novo, que ela não vê desde 2006, no seu último julgamento. “Eu sei que o meu irmão sofreu para caramba. A única coisa que eu sei é que ele dá aula em uma universidade. Se aqui dentro eu sofri, imagina ele lá fora. Quando o nome é reconhecido. Eu sei que causei muito mal e queria que ele pudesse me perdoar e estar presente”.
Hoje, Suzane fabrica uniformes para guardas e presidiárias e recebe um salário de pouco mais de R$ 600 todos os meses. O dinheiro, segundo ela, não chega às suas mãos. “Vem uma folha com todos os itens, o dinheiro vai pra um fundo e eu posso comprar as coisas par me manter aqui”, explicou.
Em 2014, após ser beneficiada pela progressão ao semiaberto, recusou a possibilidade. Cumpre pena de 39 anos e 6 meses. No Programa Gugu, Suzane disse que um dos motivos para não querer sair da prisão é que ela teria sido ameaçada de morte por pessoas de dentro e de fora da penitenciária.
“Se eu falar que não estou sofrendo, estou mentindo, não é fácil estar aqui. Mas quero ter a chance de recomeçar. A Justiça me deu uma sentença e eu vou cumprir. Mas eu quero ter a chance de voltar a trabalhar”, afirmou Suzane.
Após ter admitido consumir drogas, Suzane disse que elas podem ter influenciado em seu comportamento. “Pode ser, sim. Consumia drogas, maconha, ecstasy. Com certeza, a droga tira você do seu equilíbrio, centro, eixo”.
“Todos dizem que eu sou a mentora, a cabeça de tudo. Não é verdade. Uma cabeça só não pensa em tudo. É uma junção de tudo, concorrência de ideias. Eu fiz parte, mas os três bolaram aquilo. Aquela Suzane de 12 anos atrás não existe mais”, desabafou.
No Programa Gugu, Suzane disse que um dos motivos para não querer sair da prisão é que ela teria sido ameaçada de morte por pessoas de dentro e de fora da penitenciária. (Foto: Reprodução/YouTube) |
Relacionamentos
O relacionamento com Daniel começou quando ela tinha 15 anos. Suzane disse que foi a mãe que os apresentou. “Ele fazia aeromodelismo lá e meu irmão ganhou um de presente. Minha mãe o levou para aprender com o Daniel, que era instrutor. Um dos melhores. Ele se prontificou a ensinar o meu irmão e minha mãe o levava. E eu não queria ir. E minha mãe pedia para eu ir fazer companhia. E eu fui para fazer companhia ao meu irmão e conheci o Daniel. Fomos nos aproximando e começamos a namorar”, contou.
A detenta ainda contou que, apesar de sua mãe ter apresentado um ao outro, não gostava da ideia de que se envolvessem. “Quando o relacionamento começou a ficar sério, ela passou a conhecê-lo. Quem era o Daniel, a vida dele em si. E ela passou a não gostar mais. Começou a cortar o relacionamento. Eu namorava escondido com ele”.
Com o novo relacionamento, Suzane passou a mudar sua rotina e seu estilo de vida. “Minha casa era toda certinha, hora de almoçar, jantar, dormir, todo mundo junto, só podia sair sexta e sábado. Tudo certinho. Toda regrada e ele me apr,esentou uma vida completamente diferente, não tinha hora para chegar, sair. Uma vida do ‘tudo pode’. Que vida boa, pode tudo… qualquer coisa, livre, leve e solto. Mas era mentira. Eu não era livre. E hoje eu sei que tenho que ter responsabilidade de acordo com a liberdade. Não queria saber das consequências. Queria viver com a liberdade”.
Ela assumiu ter planejado durante meses a morte dos pais junto com Daniel Cravinhos (seu namorado, na época) e Christian Cravinhos. Suzane afirmou estar arrependida de ter conhecido Daniel Cravinhos. “Se eu não tivesse os conhecido, minha vida seria muito diferente. Mas não culpo apenas eles. Onde um não quer dois não fazem”, relatou.
Atualmente Suzane é casada com Sandra Regina Gomes, condenada a 27 anos de prisão pelo sequestro e morte de um adolescente em São Paulo. Antes de Sandra, Suzane havia sido casada com Elize Matsunaga, presa pela morte e esquartejamento de seu marido na época, o empresário Marcos Matsunaga.
Com informações da Rede Record, que exibirá a segunda parte da entrevista nesta quinta-feira (26).