Com ampla fonte de inspiração na vida e arte de Mario Lago, a Mancha Verde passou pela passarela do samba em São Paulo em 62 minutos, dentro do tempo regulamentar, depois de um susto com cerca de 30 minutos de desfile na madrugada deste sábado. Houve um pequeno foco de incêndio no carro abre-alas que foi apagado rapidamente pelos bombeiros. Um membro de apoio da escola teve queimadura leve em uma das mãos.
A comissão de frente inovou, com uma figura central que, inicialmente, parecia uma estátua-viva de cobre de Mario Lago. Pouco depois, o representante do artista saía de sua posição quase inerte para dançar e fazer acrobacias.
A ala das baianas também emocionou, já que as mulheres representaram o grande amor de Mario Lago que foi casado por 50 anos, depois de conhecer a futura esposa em um comício do partido comunista. Aliás, política sempre esteve presente na vida do artista, cujo avô era italiano e anarquista. Seus dois avôs ganharam uma alegoria em sua homenagem.
Trechos das arquibancadas pareciam as de um estádio durante os jogos do Palmeiras, com faixas estendidas de cor verde e branca.
A bateria, comandada pelo Mestre Caju, representou os malandros da Lapa, ambiente frequentado por Lago e grande parte da boemia carioca na primeira metade do século 20. A rainha de bateria da escola Mancha Verde, Viviane Araújo, estava vestida da mítica Dama da Noite, uma fantasia com plumas e ornamentos dourados. Uma ala lembrou a primeira prisão do homenageado, que aconteceu em 1932.
O carro alegórico que fechou o desfile da Mancha Verde homenageou a presença de Mario Lago nas novelas brasileiras. A enorme barriga de uma grávida fez alusão a Barriga de Aluguel, de autoria de Glória Perez e exibida em 1990, quando o ator fez o papel de doutor Molina. Outro carro que exibia a figura de um lagarto era alusivo ao apelido do artista, “Lagartão”, principalmente entre os boêmios na noite carioca.