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Foto: Diógenes Santos/Agência Câmara

Raul Jungmann: analisando o depoimento de Vedoin.

O número de deputados e senadores sob suspeita de envolvimento com a máfia das ambulâncias é bem superior ao de 57 – que corresponde ao total de congressistas sob investigação formal da Justiça. O vice-presidente da CPMI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou ontem que são mais de 105 os parlamentares com indícios de ligação com a máfia.

A lista foi revelada por Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos donos da Planam, principal empresa do esquema do uso de emendas de parlamentares para compra superfaturada de ambulâncias. Vedoin depôs durante dez dias à Justiça de Mato Grosso e mencionou o nome dos congressistas que teriam recebido propinas. O depoimento está sendo analisado pelos integrantes da CPMI e hoje é o principal documento em poder da comissão de inquérito. ?Todos os 105 parlamentares que foram citados no depoimento do Vedoin receberam algum tipo de benefício financeiro?, garantiu Jungmann, que passou parte do dia de ontem analisando o depoimento do dono da Planam.

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Ele explicou que o número de parlamentares envolvidos pode ser superior porque existe um grupo, que ele preferiu não quantificar, que não está entre os 105 citados por Vedoin, mas está na lista dos 57 deputados e senadores que já estão sendo investigados pelo Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Jungmann, o dono da Planam disse no depoimento que a propina paga aos 105 parlamentares foi feita de três maneiras: aqueles que receberam o dinheiro direto em suas contas bancárias, que são uma minoria; os que indicaram contas bancárias de assessores e familiares para o depósito, que são a maioria dos parlamentares; e, por último, os congressistas que receberam dinheiro vivo, em malas nas dependências do Congresso. ?No depoimento, o Vedoin fala em mala de dinheiro e também de dinheiro saindo de malas de carros para pagar parlamentares?, disse Jungmann.

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Os documentos apreendidos pela Polícia Federal na sede da Planam, em Mato Grosso, e em outras empresas do esquema, respaldam as informações dadas por Vedoin no depoimento à Justiça Federal. A documentação traz, por exemplo, planilhas com referências bancárias de parlamentares, assessores e familiares. O presidente da CPMI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou ontem que é ?impressionante? o depoimento de Vedoin. ?Se tudo que estiver no depoimento vier a ser comprovado é um esquema imenso que vai além dos 57 parlamentares?, afirmou Biscaia.