Suposto tiroteio faz avião da Gol desviar rota no Rio de Janeiro

Os passageiros da Gol que viajavam de São Paulo para o Rio na noite da sexta-feira passada, entre eles o apresentador e humorista Jô Soares, foram surpreendidos por um desvio de rota supostamente provocado por um tiroteio na zona sul carioca. Naquela noite, houve confronto entre criminosos rivais que disputavam o controle do tráfico de drogas nos morros Chapéu Mangueira e da Babilônia, no Leme. "O que aconteceu foi uma coisa pontual. O comandante deve ter visto de longe riscos luminosos no ar e interpretado como se fossem balas. Por isso, houve uma mudança de procedimento e a aproximação ocorreu sobre Niterói. Mas sem qualquer registro de ameaça à integridade da aeronave e dos passageiros", declarou Célio Eugênio de Abreu Júnior, assessor de segurança de vôo do Sindicato dos Aeronautas.

O superintendente regional da Infraero no Rio, Pedro Azambuja, responsável pela administração do Aeroporto Santos Dumont, afirmou que a região onde houve o confronto não fica na rota da ponte aérea. "O procedimento foi normal. O piloto pedir mudanças no procedimento padrão é uma coisa corriqueira", declarou. "Ele pede ao controlador e pode ser atendido, dependendo do tráfego. Mas mesmo se não tivesse pedido, passaria a quilômetros do morro. Não sabemos o motivo, quem pode se pronunciar é o próprio piloto.

A assessoria de imprensa da Gol informou hoje que não comentaria o caso "porque não tem o que dizer". "O piloto tem um plano de vôo. Se há uma alteração do plano, ela é feita pela torre de controle", informou a empresa. Toda a comunicação do piloto com a torre de controle fica gravada por 30 dias, sob responsabilidade da Aeronáutica. "Sem examinar as gravações, não podemos dizer que o piloto fez por isso (por causa do tiroteio) ou não. O fato é que não recebemos nenhuma notificação de problemas naquele dia, de nenhuma aeronave. Estamos tratando como um assunto normal." O piloto não foi localizado.

O apresentador Jô Soares comentou a mudança de trajeto em seu programa na TV Globo, na madrugada desta quarta-feira (6). Ele disse que o avião atrasou porque teve que contornar o Leme por causa do tiroteio. Nesta quarta-feira, segundo assessores, ele participou de gravações e não comentou o caso. Segundo Azambuja, nunca houve registro de aeronave atingida por tiros no Rio. "Talvez o Aeroporto internacional, aqui na Ilha do Governador (zona norte), seja até mais cercado de áreas conflagradas que o Santos Dumont. Mas não temos nenhum registro.

O presidente do sindicato disse que o desvio "é uma coisa natural". "Foi uma precaução. Mas isso não significa que havia ameaça à integridade. O que ajuda não atrapalha." Segundo Abreu Júnior, que não conversou com o piloto, as pessoas "estão querendo, num momento de crise na aviação aérea, dar uma dimensão exagerada e equivocada" para o caso. "Uma coisa que realmente ameaça a segurança aérea é balão junino. Dizer que tem avião furado por bala é bobagem. Além do mais, não há intenção declarada de atirar, a não ser contra helicópteros. Mas isso tem explicação, a de que a polícia usa helicópteros para combater o crime.

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