Brasília – O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez ontem um apelo ao deputado José Dirceu (PT-SP) para que ele "diga toda a verdade, quaisquer que sejam as conseqüências", na terça-feira (02), quando deporá no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. Suplicy foi categórico, ao insistir que Dirceu deve falar a verdade, "mesmo com a presença, na primeira fila, do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ)".
O senador do PT de São Paulo lembrou, em seguida, que foi Jefferson quem sugeriu ao deputado do PT de São Paulo que "ele deveria sair antes que viesse a se culpabilizar e tornar réu o presidente Lula". Suplicy defendeu também o comparecimento de Dirceu às Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) dos Correios e do Mensalão, se o testemunho for considerado necessário.
O senador do PT ignorou a ameaça feita por ele há uma semana. Na reunião do Campo Majoritário, grupo que abriga os moderados do partido, Dirceu afirmou que "ninguém vai se salvar sozinho; engana-se quem pensa o contrário", referindo-se ao que acredita ser a intenção do governo de rifá-lo para se salvar da crise política.
Para Suplicy, o deputado do PT deve reconhecer que errou se for este o caso. "Mas nada será mais importante para a história do Brasil, para a história de José Dirceu, quaisquer que sejam as conseqüências, que ele tenha a disposição completa de dizer toda a verdade", insistiu. O senador falou da tribuna para um plenário vazio. Foi ouvido de perto apenas pelo presidente da sessão, Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que, por três vezes, fez soar a campainha para que ele restringisse o discurso ao tempo previsto de 15 minutos.