O GPA, grupo dono das redes Pão de Açúcar e Extra, começou a limitar a compra de arroz, feijão, leite e óleo de soja em suas unidades de todo o país, além de seus sites. A restrição vem em meio ao temor de que as enchentes no Rio Grande do Sul possam afetar os estoques de alimentos no país –o estado é responsável por 70% da produção de arroz no Brasil.

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Segundo o gerente de uma das unidades do Pão de Açúcar em que a reportagem esteve em São Paulo, a limitação começou após consumidores aumentarem significativamente a compra de produtos básicos em algumas lojas.

O funcionário ponderou que a limitação é uma forma de conscientizar o cliente e acrescentou que os caixas das unidades não impedirão a compra de nenhum item -ainda que em quantidade acima do aconselhado.

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O Pão de Açúcar limitou a compra de pacotes de arroz de cinco quilos em duas unidades, pacotes de feijão em quatro unidades, garrafas de óleo de soja em seis unidades e litros de leite em 24 unidades.

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De acordo com a rede, seus estoques estão em níveis normalizados e o grupo “segue monitorando atentamente qualquer possível reflexo no abastecimento de produtos devido às enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul”.

Outros supermercados ao redor do país também estão adotando essa medida. Há relatos de casos semelhantes em Minas Gerais, Espírito Santo e Ceará.

Em Belo Horizonte, por exemplo, a rede Supermercados BH, uma das mais populares do estado e que também tem unidades no Espírito Santo, informou que “implementou medidas preventivas para assegurar suprimento contínuo de arroz”. Em suas unidades, os clientes não podem comprar mais do que cinco pacotes de arroz. Segundo a rede, não haverá falta do produto em suas lojas.

Na manhã desta quinta-feira (9), a reportagem também foi às unidades das redes Mambo, St. Marche, Dia, Trimais, Sonda e Carrefour, mas não encontrou anúncios de limitação. Segundo os gerentes dessas lojas, os estoques de arroz estão cheios.

O Código de Defesa do Consumidor proíbe fornecedores de produtos ou serviços de limitar, sem justa causa, a quantidade de produtos vendidos.

Mas, para Lilian Salgado, advogada especialista em direito do consumidor e presidente do comitê técnico do Instituto Defesa Coletiva, o atual contexto permite limitações como essas.

“O que estamos vivenciando é uma calamidade pública no estado do Rio Grande do Sul que está gerando a corrida dos consumidores aos supermercados”, diz. “Essa limitação dos supermercados, se for com informação prévia, não é ilegal, porque estão fazendo para não haver desabastecimento de produtos essenciais na alimentação do brasileiro.”

Em nota, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) afirmou que até o momento, os estoques e as operações de abastecimento do varejo estão normalizados e recomendou que os clientes não façam estoques, para garantir o acesso contínuo ao produto. A entidade disse que vai solicitar ao governo a abertura de importações para completar o abastecimento da população.

Na terça (8), o governo federal anunciou a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz. O ministro Carlos Fávaro (Agricultura) afirmou que o objetivo é evitar a escassez do produto no mercado brasileiro.

O mercado e especialistas, porém, dizem que é cedo para mensurar a pressão inflacionária da tragédia. O cereal segue cotação internacional, e seu preço atualmente está em patamar reduzido. Além disso, de acordo como Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), 82,9% das lavouras já foram colhidas. Restam em torno de 150 mil hectares.

O que??

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