Contrariando as expectativas dos analistas, que em setembro desacreditavam que a balança comercial sequer atingiria um saldo positivo de US$ 1 bilhão em outubro, registrou na segunda-feira um superávit de US$ 2,001 bilhões. Superou a barreira dos US$ 2 bilhões e já está entre US$ 200 milhões e US$ 100 milhões acima das estimativas do mercado para este mês, que inicialmente eram de US$ 800 milhões a US$ 900 milhões. A balança vem superando as previsões, tanto do mercado como dos próprios órgãos do governo envolvidos na área, desde agosto.

Historicamente, outubro é mesmo um mês desfavorável para a balança comercial. Isso porque é nesta época do ano que as empresas começam a intensificar o ritmo de importações com a finalidade de formar estoques para o fim do ano. Mas com a fraca atividade econômica e a forte desvalorização do dólar, as importações têm sofrido fortes cortes e as exportações, no sentido oposto, registrando grandes volumes de embarques.

Os dados foram apurados pela Agência Estado com fontes do mercado financeiro e serão confirmados no final da semana ou começo da próxima pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com a divulgação oficial dos números da balança comercial da última semana do mês.

O superávit comercial acumulado no mês, conta com o superávit apurado hoje (29) pelas fontes, de US$ 102 milhões. Se estes números forem confirmados, a balança passará a acumular no ano um superávit de US$ 9,859 bilhões. As exportações acumuladas no mês até segunda-feira somam US$ 5,691 bilhões e as importações, US$ 3,690 bilhões.

O superávit dessazonalizado da balança comercial de outubro, até segunda-feira, para surpresa dos analistas do mercado financeiro, já está 5,5% superior que o saldo registrado em setembro. ?Estamos sendo sistematicamente surpreendidos, positivamente, pela balança comercial?, reconhece o economista e analista de comércio exterior do BBV Banco, Fernando Honorato Barbosa, que considerando o histórico de outubro, esteve entre os analistas que em setembro previram um superávit de no máximo US$ 900 milhões para este mês.

Segundo Barbosa, está havendo uma queda maior das importações, mas as exportações têm surpreendido. ?A fase de maior exportações de produtos básicos passou, mas temos sido surpreendidos pela diversificação de mercados e colocação de produtos manufaturados nestes novos mercados?, diz Barbosa.

Os analistas, de modo geral, já estão admitindo que serão forçados a rever suas projeções para a balança comercial deste e do próximo ano. Isso porque o superávit comercial de outubro reflete um câmbio que considera a defasagem de um trimestre, quando o dólar, na ponta estava sendo negociado a R$ 3,00 e, na média, entre R$ 2,70 e R$ 2,80. ?Isso mostra que o câmbio tem muito espaço para se apreciar sem que os superávits comerciais sejam afetados?, diz o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Primo Roberto Cegatto.

O economista do BBV Banco também pensa assim. ?Mesmo que haja uma apreciação do real, a balança tem tudo para continuar a registrar superávits comerciais robustos?, diz Barbosa. Ele lembra que, para efeito de planta de exportação e cálculos de produção o exportador trabalha sempre com um câmbio mais próximo da realidade e do ideal para estabelecer um padrão de exportação.

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