Sucessão de falhas causou queda do vôo 1907

Foto: Divulgação/Embraer

Parte traseira do Legacy que colidiu com Boeing: série de erros.

As investigações do acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, que ocasionou a morte de 154 pessoas, no dia 29 de setembro, apontam para uma sucessão de falhas que teriam provocado a tragédia. Embora ainda não possam ser apontadas conclusões, é possível destacar procedimentos e condutas que teriam contribuído para o acidente.

Um deles é o funcionamento do transponder do Legacy. O equipamento é apontado por um relatório preliminar, que será divulgado nos próximos dias, como um dos fatores determinantes para a colisão. As investigações concluíram que o transponder estava desligado antes do choque, mas ainda não foi esclarecido se o equipamento falhou ou se foi desligado pelos pilotos.

Outro fator que também pode ter contribuído para provocar a tragédia é um diálogo impreciso entre a torre de controle de São José dos Campos, local de onde partiu o jato, e os pilotos do Legacy, os americanos Joseph Lepore e Jan Paladino. Ao autorizar a decolagem, o controlador usou o código ?N600XL (prefixo do jato). Clear, 370, Manaus.?, que indica vôo a 37 mil pés. Faltou dizer no fim da frase, ?as filed? ou ?according to flight plan?, significando que as informações do plano de vôo – o qual dizia que, ao chegar a Brasília, os pilotos deveriam ter baixado para os 36 mil pés – deveriam ser seguidas. O piloto americano pode ter se confundido e entendido que poderia voar a 37 mil pés até Manaus.

Mesmo assim, ao se aproximarem de Brasília, Lepore e Paladino perceberam que se mantivessem os 37 mil pés entrariam na ?contramão? da aerovia. Uma hora antes da colisão, eles tentaram fazer contato com o Cindacta 1, que perdeu a comunicação via rádio com os pilotos minutos antes do acidente. A falha do transponder fez com que os controladores do Cindacta não pudessem determinar com exatidão a altitude do jato.

Outra suspeita é de que tenham ocorrido falhas na comunicação porque os controladores tiveram dificuldade para compreender o inglês dos americanos. Mas nada disso é mais grave do que a falta do cumprimento por parte dos pilotos do Legacy do que previa o plano de vôo. Independentemente de qualquer falha de comunicação que tenha ocorrido durante o trajeto, Lepore e Paladino deveriam ter trocado de altitude na chegada a Brasília. Em depoimento, eles alegaram que não o fizeram porque não receberam ordem para tal.

Jato é retido para pagar indenização

Campo Grande (AE) – O avião Embraer Legacy prefixo N600XL, que se encontra na Base Aérea da Serra do Cachimbo, no Pará, envolvido no acidente com o Boeing 1907 da Gol, em que 154 pessoas morreram, está sob ordem de seqüestro determinada pelo juiz substituto, Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da 1.ª Vara Cível Residual de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

O magistrado explicou que a medida é baseada em indícios de provas, mas garante indenização para a menor G.S.S., de 6 anos de idade, filha do bancário Eduardo Ribeiro de Souza, que morreu no acidente. ?É uma liminar provisória. A empresa requerida não possui bens em território nacional, situação que justifica a constrição da aeronave, para assegurar o ressarcimento dos prejuízos causados?. Segundo ele, o jatinho só poderá ser retirado pelos proprietários, mediante caução de US$ 24,7 milhões.

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