As 32 subprefeituras de São Paulo perderam até R$ 730 milhões em recursos nos dois primeiros anos da gestão Fernando Haddad (PT). Neste ano, as administrações regionais continuam com desempenho aquém do observado nos mandatos anteriores. A desidratação dos órgãos é uma medida coordenada pela Prefeitura, que aloca em pastas do primeiro escalão verbas que antes eram reservadas aos subprefeitos.

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Moradores das regiões mais afetadas já têm reclamado das condições da zeladoria urbana. “Eles nunca limpam a calçada”, diz a dona de casa Neusa Maria da Silva, de 67 anos, que convive com entulho nas ruas de São Miguel Paulista, na zona leste. “Jogam à noite e ninguém vê quem é”, diz.

A subprefeitura responsável pelo bairro de dona Neusa, a de São Miguel Paulista, é a que mais perdeu recursos na capital, segundo levantamento feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo” com base em informações da Secretaria Municipal de Finanças.

O cruzamento aponta que as perdas foram maiores na periferia: São Miguel e Cidade Tiradentes, na zona leste, e Parelheiros, na zona sul. Entre as subprefeituras que mais ganharam recursos, lideram Campo Limpo, na zona sul, seguida de bairros do centro expandido, como Ipiranga, Vila Mariana e Pinheiros. O maior desfalque foi na Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, que abriga todas as regionais da cidade.

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Haddad empenhou 2,8% do Orçamento para as subprefeituras neste ano, enquanto a média da gestão anterior era de 4,5%. As mudanças desagradam a base de Haddad na Câmara Municipal. Subprefeitos que ocupam os cargos por indicação de vereadores se veem com menos autonomia – e menos recursos – para executar serviços. “As subprefeituras estão totalmente sucateadas”, diz um parlamentar da base governista.

A Câmara passou a fazer audiências itinerantes nos fins de semana nas sedes das subprefeituras. Vereadores aproveitam a ocasião para reforçar a atuação em suas bases eleitorais.

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Centralização

O secretário de Governo, Chico Macena, ex-vereador e ex-secretário das Subprefeituras de Haddad, garante que os recursos que deixaram de ir para os órgãos são investidos em outras pastas.

Ele cita a transferência dos Conselhos Tutelares para a Secretaria de Direitos Humanos, da Operação Delegada – o “bico oficial” da Polícia Militar, em que PMs fiscalizam camelôs – para a Secretaria da Segurança Urbana, a limpeza de vias para a Secretaria de Serviços e os projetos de drenagem urbana para a Secretaria de Obras. Essas transferências reforçaram o caixa das pastas com R$ 378,9 milhões, diz a Prefeitura, em nota.

Macena argumenta que a decisão de centralizar os gastos serve para dar mais agilidade e controle aos serviços. “Quando eu era administrador regional (na gestão Marta Suplicy), tinha mais autonomia. Mas esse processo de sucateamento começou nas gestões anteriores.”

Paralelamente à retirada de recursos, a Prefeitura tem intensificado auditorias nas Subprefeituras e encontrado falhas na gestão. Os primeiros relatórios de fiscalização devem ser divulgados na próxima semana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.