A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão unânime, concedeu parcialmente habeas-corpus ao juiz federal afastado João Carlos da Rocha Mattos e à sua ex-mulher, Norma Regina Emílio da Cunha, por excesso de prazo na prisão preventiva. Entretanto, a relatora do processo, desembargadora convocada Jane Ribeiro da Silva, destacou que eles só podem ser colocados em liberdade se não estiverem presos por algum outro motivo.

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No total, foram julgados 12 habeas-corpus. Dez foram denegados ou considerados prejudicados os pedidos. Em dois, foi concedida a liberdade provisória a Rocha Mattos e a Norma Regina, salvo se não estiverem presos por outra razão.

No primeiro habeas-corpus, Rocha Mattos, Norma Regina e Paulo Roberto Maria da Silva pediram o trancamento de ação penal recebida integralmente pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Os dois primeiros pediram, ainda, a revogação da prisão preventiva pelo excesso de prazo para o encerramento da instrução criminal. Rocha Mattos e Norma Regina são acusados pela prática do crime de lavagem de dinheiro e Paulo Roberto pelo delito de transferência de dinheiro ilícito a fim de dar-lhe legitimidade aparente.

No segundo habeas-corpus, a defesa de Rocha Mattos pediu o reconhecimento de um crime único de lavagem de dinheiro com a aplicação da agravante de forma habitual e continuada, além da declaração de nulidade de todos os atos processuais praticados após o recebimento das denúncias. Também requereram a concessão da liberdade provisória de Rocha Mattos.

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A Operação Anaconda, em que Rocha Mattos foi preso, resultou de uma investigação de mais de um ano da Polícia Federal. Escutas telefônicas teriam captado indícios das negociações ilícitas entre criminosos e membros do Judiciário. Em 13 de outubro de 2003, com base em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, o Ministério Público Federal apresentou quatro denúncias ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região contra juízes federais, delegados, advogados, empresários e policiais supostamente envolvidos no esquema. Em seguida, a Justiça determinou a prisão preventiva de nove deles.