STF pede ajuda para julgar ?dossiê Vedoin?

Foto:Marcello Casal Júnior/Agência Brasil
Aloizio Mercadante: achando-se ?bode expiatório? da PF.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já recebeu os autos do inquérito do dossiê Vedoin, com seus 21 volumes e mais de 1.400 páginas, e vai pedir parecer da Procuradoria-Geral da República para decidir se acata ou arquiva a denúncia contra o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e mais seis acusados de envolvimento na trama. A decisão, porém, só será tomada após o recesso da Justiça, que termina em 6 de janeiro.

Mercadante declarou ontem que não aceita ?o papel de bode expiatório? e decidiu contratar advogado para se defender ?com unhas e dentes? do que considera uma injustiça. Ele disse que vai explorar supostas inconsistências do relatório da Polícia Federal, entregue na semana passada à justiça, o qual reputou em nota como desonesto, leviano e irresponsável. ?A PF preferiu fazer cortina de fumaça para encobrir o fracasso de suas investigações?, criticou.

A principal falha do relatório, a seu ver, é inverter o ônus da prova e transferir para os acusados a missão de provar a denúncia. Ele se referia ao trecho em que o delegado Diógenes Curado, encarregado do caso, assinala que ?cabe a eles (acusados) a responsabilidade para que os pontos obscuros fiquem totalmente esclarecidos?.

A inversão, para o senador, mostra que a PF não conseguiu chegar à origem do dinheiro da compra do dossiê e fracassou no seu dever de levantar provas contra os responsáveis pela trama. ?A conclusão (do relatório) não encontra fundamento na investigação mas sim numa ilação irresponsável e insustentável do inquérito? atacou.

A tendência do Ministério Público, porém, é pela transferência do inquérito ou abertura de um novo no âmbito do STF por causa do foro privilegiado do senador. Isso porque, apesar da fragilidade das provas, o inquérito avançou no essencial, na avaliação de membros do Ministério Público. Além disso, por iniciativa do procurador-geral, Antônio Fernando de Souza, já existem na corte 81 inquéritos contra parlamentares acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.

Para a PF, não há dúvidas no relatório, mas certezas baseadas em provas. Um delegado que participou das investigações diz quais são essas certezas: ?1) Houve uma trama comandada por petistas para compra do dossiê para prejudicar candidaturas tucanas; 2) O dinheiro (R$ 1,75 milhão) foi apreendido com dois desses petistas (Gedimar Passos e Valdebran Padilha), num hotel de São Paulo; e 3) O dossiê interessava essencialmente ao comitê eleitoral do senador, cuja campanha enfrentava dificuldades frente a José Serra?.

O delegado lembra, por fim, que o coordenador da campanha de Mercadante, Hamilton Lacerda, foi flagrado pelas câmeras do circuito interno do hotel Ibis Congonhas quando chegava com as malas de dinheiro. A única dúvida é de onde veio o dinheiro. Mas para a PF, há indícios fortes de que foi da campanha de Mercadante, o que significa caixa dois, um crime eleitoral. ?Se eles têm outra versão, que digam de onde veio o dinheiro?, observou.

Delegado quer quebra de sigilo de Abel Pereira

Cuiabá (AE e ABr) – O delegado Diógenes Curado Filho, encarregado do inquérito que apura o envolvimento do empresário Abel Pereira com a chamada máfia dos sanguessugas, pediu ontem a quebra do sigilo bancário do investigado.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal no Mato Grosso informou também que o delegado pediu à Justiça Federal a prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito que apura o envolvimento do empresário da construção civil com a aprovação de emendas para a compra superfaturada de ambulâncias.

Abel conhece Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, empresa pivô do escândalo, e é ligado ao atual prefeito de Piracicaba (SP), Barjas Negri, que foi ministro da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso. Abel nega que tenha recebido propina para negociar emendas de parlamentares no Ministério da Saúde na gestão Negri.

Segundo o delegado, esse é o segundo pedido de prorrogação. ?É uma questão processual. Tenho que checar mais dados, e há mais pessoas a serem ouvidas?, afirmou Curado.

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