O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu hoje que o setor sucroalcooleiro teve um crescimento excessivo no Brasil e que a demanda externa esperada para o etanol brasileiro não surgiu. “Crescemos mais que deveríamos na expectativa de uma demanda pelo etanol no futuro, a qual está distante após a queda no preço do barril do petróleo”, disse o ministro, que visitou a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), cidade considerada o polo da principal região produtora de açúcar e álcool do País.

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Stephanes lembrou que o recente “boom” do setor no País, com a construção de cerca de 100 unidades produtoras, ocorreu em um cenário “que o mundo inteiro falava na questão da energia limpa e quando o preço do petróleo estava beirando os US$ 150 o barril”. No entanto, com a crise econômica recente e com a queda do preço do barril do petróleo para entre US$ 40 e US$ 50, “o mundo desenvolvido mostra que não é tão ecológico assim e fala menos na abertura de mercado de energia limpa”, avaliou.

Problemas enfrentados por várias companhias foram lembrados pelo ministro, que citou o fato de muitas empresas terem se endividado durante o processo de aquisições e ampliações de usinas de açúcar e álcool, muitas vezes com recursos externos e em dólar, ou seja, foram atingidas diretamente com a valorização da moeda norte-americana no País. “O setor bancou posições em valores mais altos, não conseguiu renovar empréstimos e passou a ter ainda problemas de capital de giro”, afirmou.

O ministro considerou bom o cenário para a safra 2009/2010 de cana-de-açúcar, principalmente para o açúcar, cujos preços internacionais são remuneradores em virtude do déficit mundial da commodity. “Mas isso é uma questão estrutural, com a quebra na produção da Índia”, explicou o Stephanes, sinalizando que o quadro pode mudar.

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Stephanes disse ainda que o zoneamento agrícola e ambiental para o plantio de cana-de-açúcar no País “está pronto e será o mais completo possível, porque envolve os aspectos econômicos, agrícolas, ambientais, sociais e também os de competição com a produção de alimentos”.

Entretanto, o atraso para a divulgação do documento ocorre por questões pontuais sobre o cultivo de cana em rios que formam a bacia do Bioma Pantanal, entre os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Os governos desses Estados apresentaram condições de plantio com risco zero, o Meio Ambiente não aceitou, eles ratificaram que o risco de contaminação é zero e essa questão está para ser decidida mediante estudos complementares da Embrapa”, disse o ministro.

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