Stephanes: Lula decidirá sábado proposta para o clima

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou esta tarde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidirá no sábado (14) a posição brasileira que será levada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), marcada para dezembro, em Copenhague. Ele fez a afirmação a jornalistas ao chegar ao Ministério da Agricultura, após encontro com o presidente e outros ministros no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para tratar do tema.

De acordo com Stephanes, o prazo será necessário para que alguns cálculos sejam feitos e enviados ao presidente. Um exemplo é a meta já definida de diminuição em 80% do desmatamento da Amazônia até 2020. Na avaliação do ministro, com a perspectiva de reduzir a zero o desmatamento do bioma em função da pecuária em dois ou três anos, a Agricultura poderá até acelerar o cumprimento dessa meta. A questão é que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), segundo ele, ainda não apresentou os cálculos de quanto seria esse auxílio.

Stephanes salientou que a reunião entre ministros e o presidente, realizada hoje, teve como objetivo criar uma uniformidade no pensamento de todos os setores do governo, de forma a se criar um discurso único, sem que haja divergências no contexto de Copenhague.

O principal ponto ainda a ser definido até o dia 14, de acordo com o ministro, é o da diminuição da emissão de gases de efeito estufa em 40% até 2020. “A agricultura é uma emissora de gases, e é uma grande emissora”, admitiu, lembrando que, como a terra é depósito de carbono, toda a vez que ela é manipulada acaba havendo emissão de gases. “Mas há outras formas de manejar a terra”, apontou. Uma é o plantio direto, que, segundo o ministro, é utilizado por cerca de 30% dos produtores atualmente. “Mas podemos chegar a 70%, 80%, 90% nos próximos 10 anos”, previu.

Stephanes citou também o uso de uma bactéria, utilizada hoje apenas no cultivo de cana-de-açúcar, que é capaz de absorver óxido nitroso, centenas de vezes mais potente do que o carbono em relação ao efeito estufa. Ele também defendeu o fim das queimadas, não só no plantio de cana, que já conta com uma diminuição do instrumento nos próximos anos, mas também para a pastagem. “Isso tem que ser mitigado”, considerou. A recuperação de áreas degradadas faz ainda parte da lista de contribuições da Agricultura, bem como a transformação de dejetos de suínos e aves em gases e fertilizantes. “A tecnologia já está disponível. A questão será levar para todas as áreas”, disse.

 

Essas medidas, na avaliação de Stephanes, não receberão críticas dos produtores porque, de acordo com ele, acabam auxiliando na ampliação da produtividade. Além das metas oficiais, o governo pretende traçar ações internas, que serão divulgadas em Copenhague, mas sem que haja comprometimento de cumprimento por parte do País. Seriam apenas objetivos a serem alcançados no âmbito interno.